Neste sábado (14), o Caldeirão do Huck exibirá uma matéria especialíssima. No fim de abril, Luciano Huck – acompanhado do ator Leandro Hassum e da diretora geral Clarissa Lopes – viajou para a gelada planície de Yamal, na Sibéria. Munidos dos casacos mais quentes que encontraram, o trio – acompanhado ainda por um assistente de direção, uma produtora, um redator e um câmera do Caldeirão do Huck – partu rumo ao local com um objetivo claro: ir ao encontro dos Nenets, o povo nômade e isolado que habita e se move pela planície seguindo o ritmo das renas.
O motivo? Descobrir se, em pleno século XXI e em meio ao frenesi instaurado pela Copa do Mundo, ainda existiriam russos levando suas vidas sem serem afetados de forma alguma pelo assunto. Sem contar o simples fato de eles ao menos saberem o que é o futebol. Os sete deram início à jornada que somaria mais de 14 mil quilômetros rodados sem imaginar como se surpreenderiam com o clima e a cultura de um dos lugares mais ermos do planeta.
“Através do trabalho do fotógrafo Sebastião Salgado, lembramos dos homens do gelo que ele retratou para o seu último livro ‘Gênesis’. E através do Sebastião, chegamos aos Nenets, um dos únicos povos nômades remanescentes na Terra”, explica Luciano Huck. “Sabíamos que essa matéria seria um grande desafio, mas que proporcionaria uma experiência única para a nossa equipe e para o público”, adianta a diretora geral Clarissa Lopes.
Entre as principais dificuldades que precisaram ser dribladas pela equipe do programa, Clarissa cita alguns: a distância – foram horas de deslocamento, primeiro de avião, depois de carro, e eles ainda atravessaram quilômetros de um rio congelado a bordo de um Trekol, espécie de tanque de guerra que tornava possível andar pela neve fofa. A língua – a equipe falava em inglês com uma tradutora que se comunicava em russo com os locais, e depois traduzia novamente para o inglês. A temperatura – a equipe chegou a enfrentar -30° e precisou comprar roupas novas, já que as levadas pelo grupo não davam conta de protegê-los nem por 20 minutos nas gravações externas. E até a alimentação, cuja base é a carne de rena. Apesar de tudo, ela ressalta: “Por mais que parecesse difícil, nada disso diminuiu a nossa vontade de viver tudo de forma intensa. Era tanta beleza, tanta aventura e novidades que não víamos o tempo passar”, conta.
GOL
Se os Nenets de Yamal conheciam ou não o futebol, o público descobre neste sábado, às 15h45, após a estreia do SóTocaTop. Mas que, após o contato inicial com o povo e muita conversa, rolou uma partida no gelo, isso rolou. Sobre a neve, direcionados por duas traves improvisadas que definiram as áreas de cada um, o time do Caldeirão do Huck enfrentou o time dos russos em um jogo que não vai deixar a memória de ambos tão cedo.
“Jogar futebol na Sibéria foi muito engraçado, uma experiência única! Eu, que não jogo bem o futebol nem no gramado, imagina jogando na neve?”, diz Leandro Hassum, entre risos. Ele completa: “Mas foi uma experiência muito gostosa todo o processo dessa reportagem, tudo que vivi junto com a equipe do ‘Caldeirão’. Vivemos uma realidade extrema, totalmente diferente da nossa. Foi muito bom brincar um pouco com os Nenets, que têm um bom humor tremendo. O resultado da matéria foi bem bacana. Eu descobri que tenho jeito para ser goleiro, mas para bater pênalti eu sou um horror!”, diverte-se o ator.
BASTIDORES
A gravação de uma matéria como essa não passa sem aqueles detalhes de bastidor que tornam a experiência singular e, de quebra, deixam impressões, lembranças e aprendizados que ficam para além da aventura. “O sol demorava para se despedir e, todos os dias, só nos dávamos conta da hora quando já eram quase 21h!”, exemplifica a diretora Clarissa Lopes. A lista também incluiu até os cuidados com o equipamento. “Saíamos do calor do carro ou das tendas para o frio extremo e aí baterias descarregavam, as câmeras condensavam. Só nos restava esperar”, lembra Clarissa.
Luciano Huck contou que antes de ir até Yamal, não sabia como viviam os Nenets. “Foi um aprendizado enorme. E uma experiência que ficará para sempre. Aprendi que o que de fato importa na vida cabe em um trenó”, afirma ele. “Nesse mundo globalizado, acelerado e conectado, parar para vivenciar, ouvir e aprender com uma cultura milenar que sobrevive e mantém seus costumes há séculos é um privilégio. E poder usar a força da TV aberta para compartilhar e apresentar um povo tão distante da nossa realidade brasileira é um prazer enorme”, acrescenta.
(Revista Quem/Globo)