A polêmica dos posts racistas do youtuber Júlio Cocielo, que sofreu um boicote por de artistas como Bruna Gagliasso e Giovanna Ewbank, após ter tweets antigos divulgados, preocupou o humorista e youtuber Whindersson Nunes, que contou já ter postado muitas coisas das quais se arrrepende hoje, entre elas a de que não gostava de gays.
“No passado já disse várias bostas. Eu nem gostava de gay e dizia que quem era gay não entrava no céu. E no meu casamento esse ano uma das madrinhas se chama Rafael, pra ver como as coisas mudam. Então quem quiser procurar tweets antigo fique a vontade”, disse ele.
Com mais de 30 milhões de inscritos no YouTube ainda negou que tenha feito no passado um post chamando um homem negro de macaco. Whindersson disse que era uma montagem e pediu para que as pessoas que tivessem dúvida em relação a isso, procurassem por seus tweets antigos.
“Os cara querem me derrubar de todo jeito, até com montagem. Em 2011, eu era evangélico e tinha 16 anos. Eu nunca tuitei isso. Pra quem quiser procurar tweets antigos meu é fácil. Vai na busca ali em cima boa: palavra whindersson. Fiquem à vontade e se deleitem no monte de lixo que eu falava.”
ENTENDA O CASO
Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank apoiaram uma campanha virtual pedindo boicote a Júlio Cocielo, na noite desta segunda-feira (2). O casal de atores se posicionou contra o influenciador digital – que tem mais de 11 milhões e 200 mil seguidores no Instagram – após comentários preconceituosos dele serem divulgados na web.
No Instagram, Bruno fez um repost de um texto escrito pela jornalista e militante Isabela Reis. “Você tem noção do que são 11 milhões e 200 mil pessoas? Eu ajudo. É a população inteira da Bélgica. É um milhão a mais do que a população de Portugal. São 143 Maracanãs lotados. São todas as pessoas que ainda estão apoiando diretamente um influencer assumidamente racista. Temos que cobrar posicionamento das marcas que o patrocinam, é claro. Mas são os outros famosos que ainda o seguem e, principalmente, as pessoas comuns, anônimas, que verdadeiramente me preocupam. Apoiar uma pessoa racista é ser conivente, sim”, dizia o texto da jornalista.
O texto da carioca de 22 anos ainda pede que que marcas, celebridades e pessoas comuns parem de apoiar, seguir e curtir as publicações de Júlio. “Preconceito não se combate sozinho. Vamos precisar de todo mundo. A mensagem precisa ser clara e direta. Num mundo digital em que seguidor significa dinheiro e carreira, a gente precisa entender a importância do boicote. Principal instrumento de revolução de Martin Luther King Jr, nos anos 60, nos Estados Unidos da segregação racial, durante o Movimento dos Direitos Civis. As marcas só chegam até essas pessoas porque elas têm audiência, visibilidade, constroem um público que interessa para as empresas atingir. A responsabilidade é de todos. Precisamos, é claro, cobrar as marcas mas também precisamos chamar atenção dos outros famosos que seguem/dão like/fazem parceria com essas pessoas racistas, machistas, LGBTfóbicas e gordofóbicas. É obrigação de todos nós constranger e vigiar nosso círculo social”.
A carta escrita por Isabela ainda reforça o desejo de que as pessoas parem de dar ibope à Cocielo. “Educação antirracista não é somente pra criança, racismo não tem idade. A hora de aprender e ensinar é agora. Vão lá no perfil (que eu me recuso a marcar aqui), vejam quem dos seus amigos e influenciadores favoritos seguem a pessoa e puxem a orelha de todo mundo. Na internet, seguidor é visibilidade e dinheiro. Não basta só cobrarmos as marcas, até porque daqui a pouco aparecem outras empresas com memória curta. A forma de colocar no ostracismo e minar a popularidade é fazendo quem que essas pessoas percam seu público, a grande propulsora do trabalho delas. Não é um caso isolado. Não foi o primeiro, não será o último. A gente precisa atuar com quem realmente movimenta essa máquina: a audiência. Racismo é um problema de todos nós”.
Já Giovanna repostou algumas montagens feitas por Samara Felippo com publicações antigas do Youtuber e endossou a campanha . “Segunda do dia!!! Odeio ter que postar coisas tão repugnantes e tristes como essa… Mas é necessário!!! Ainda fico chocada como podem existir pensamentos como desse tipo de pessoa… Isso não é uma brincadeira e nunca foi!!! Isso é racismo!”, escreveu a apresentadora.
Post polêmico de Júlio Cocielo
Tudo começou quando Cocielo fez um post considerado racista sobre o jogador francês Kylian Mbappé durante a partida entre França e Argentina, pela Copa do Mundo da Rússia, no último sábado (30). “Mbappé conseguiria fazer uns arrastão top na praia hein”, disse o youtuber no Twitter.
Depois da repercussão negativa, o jovem apagou a publicação e pediu desculpas. “Apaguei porque meu negócio não é ofender. Não citei nada além da velocidade dele devido ao lance do jogo, não quero treta, só deixei pra lá porque não era esse o sentido e não quero levar isso além. É isso. Não quero que confundam as coisas.”
Pedido de desculpa
A justificativa do rapaz não foi o suficiente para os internautas que resgataram dezenas de posts preconceituosos e racistas, feitos no passado pleo youtuber, e ele precisou fazer um comunicado maior. Confira o texto na íntegra abaixo:
“Bom, vamo lá! Hoje eu fiz um tweet sobre o Mbappé e a piada se referia a velocidade dele devido a um lance do jogo, nada além disso! O tweet foi interpretado de mil formas diferentes e gerou uma grande discussão. Decidi deletar pois nunca fui de entrar em polêmicas, mas já era tarde demais, tinha tomado uma proporção enorme… Pegaram alguns comentários antigos, de uns oito anos atrás, que eu já havia feito aqui no Twitter, tenho até vergonha! Cara, como eu falava m… Na época esses comentários infelizes tinham uma interpretação totalmente diferente de hoje, um momento delicado. Muitas vezes fui irônico, muitas vezes estava zoando amigos, muitas vezes só queria ser o engraçadão, e são coisas que eu nem lembrava ter escrito… De qualquer forma, não existe justificativa, isso fez eu me sentir muito mal só de imaginar ter sido uma pessoa escrota. Arrependido e aprendido! Lição para a vida! Nunca mais se repetirá! Peço desculpas publicamente por ter ofendido inúmeras pessoas, e como eu sempre digo: meu sonho sempre foi alegrar e motivar todos a acreditarem nos próprios sonhos. Magoar alguém nunca foi minha intenção, quem conhece minha história e convive comigo, sabe como eu sou, e que eu jamais agiria desta forma! Vivendo e aprendendo! Não vou entrar em nenhuma discussão, assumo meu erro! Desculpa!”
Marcas manifestam repúdio nas redes sociais
Duas importantes marcas que já trabalharam com Júlio Cocielo usaram o Twitter para manifestar repúdio ao comentário do youtuber. “O Submarino repudia veementemente qualquer manifestação racista e tomará as providências necessárias”, disse o Submarino.
“Bob’s repudia todo e qualquer ato de racismo ou preconceito. Informamos que qualquer empresa ou pessoa que atue em desacordo com esses valores não fará parte de ações futuras da marca”, garantiu a rede de fast food Bob’s.
Mulher de Cocielo também já foi acusada de racismo por fantasia polêmica
A blogueira de moda Tata Estaniecki, casada com Júlio Cocielo, também já foi acusada de racismo por fantasia polêmica no badalado Baile da Vogue 2018. Na festa com a temática Divino Maravilhoso, Tata usou uma máscara, que segunda ela, fazia homenagem aos escravos.
De acordo com alguns internautas, o acessório usado pela loira é inspirado na Máscara de Flandres, um dos objetos de totura da época da escravidão para impedir que os escravos se alimentassem. O objeto do metal flexível – zinco ou folha de flandres – cobria todo o rosto à exceção do nariz e dos olhos. A parte da boca das vítimas era fechada com um cadeado.
Tata foi mais singela que o marido ao se desculpar e apenas se justificou em um vídeo na história do seu perfil no Instagram. “Peço desculpas se interpretaram por esse lado. Eu não quis ofender ninguém”, declarou a influenciadora digital.
Outros famosos como Samara Felippo e Gretchen também usaram suas redes sociais para se pronunciarem. “Meu Deus. Até onde vamos chegar? Me junto a vocês nessa luta contra o preconceito. Tenho um filho trans, e morro de medo desse movimento velado de preconceitos que vem acontecendo”, disse a cantora, mãe de Thammy Miranda.
(Revista Quem/Globo)