Adriane Galisteu não perde tempo. Sem atraso, mas com passadas aceleradas, ela se dirige para o estúdio de Danilo Borges, em São Paulo, para fazer as fotos de capa da QUEM. Durante a maquiagem e o penteado nos fios castanhos – que ela pretende retocar após as fotos -, Galisteu chama o cinegrafista pessoal, que a acompanha, e aproveita para gravar de modo bem informal um novo vídeo para o seu canal do YouTube, o #semfiltro.
A agenda da estrela anda cada vez mais apertada desde que foi escalada para a novela das 7. Entre outros tantos compromissos profissionais, está a gravação de seu programa semanal Papo de Almoço, na Rádio Globo. Mesmo assim, ela diz que nunca esteve tão feliz. “Minha vida está corridíssima. Sou uma mulher que vive para o trabalho. É a minha vida e gosto do que eu faço. Sou feliz por conseguir pagar as minhas contas com a carreira que escolhi para mim. Eu estranho quando estou de dondoca. Não sou eu. O trabalho faz parte do meu DNA.”
Galisteu apenas desacelera, meio que sem se dar conta, quando o assunto é o filho, Vittorio, de 8 anos, e o marido, Alexandre Iódice, 46. Casada desde 2010 com o empresário do ramo da moda, ela afirma que ele botou ordem em sua vida e a deixou menos ansiosa. “Todos os meus relacionamentos eram para casar. Sempre entrei no relacionamento pensando no filho lá na frente. Tinha uma ansiedade e carência, mas mudei”, conta ela, que namorou o piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna, em 1993, e foi casada com Roberto Justus, em 1998.
Atualmente, Galisteu prefere fazer planos apenas para a próxima semana. “Não costumo fazer grandes planos. Para não me machucar, prefiro viver o hoje. Basicamente sou uma mulher do presente”, afirma ela, que, na entrevista, deixa escapar a vontade de ter o segundo filho após o fim da novela por meio de inseminação artificial. “Vamos ver se quando acabar a novela ainda dá tempo.”
Como sente-se ao conquistar o primeiro papel em uma novela da Globo aos 45 anos e após tantos altos e baixos na carreira?
Quando me vejo aos 45 anos, morena e fazendo uma novela na Globo, me sinto tão grata e feliz! Fui chamada para fazer o teste dessa novela, assim como qualquer outro ator. Não fui convidada para o papel. Me dediquei muito para passar neste teste. Fiquei esperando o telefone tocar e bem nervosa para saber se tinha passado. Era algo que eu queria muito por mim, pela minha história e por tudo o que eu vivi. Hoje minha vida está corridíssima. Vivo viajando entre Rio e São Paulo – mesmo morrendo de medo de avião -, estou gravando o tempo todo, passo dias longe da minha família, minha agenda pessoal fica na dependência da agenda de gravação para ser definida, mas mesmo assim estou superfeliz. É um baita presente profissional. Vou ter mais essa história para contar na minha carreira. Faço rádio, teatro, já apresentei programa de TV ao vivo, gravado, em canal de assinatura, fiz a ‘Dança dos Famosos’, cinema… Um pouco de tudo! Isso faz muito sentido na vida de um artista, que só tem a ganhar quando agrega mais conhecimento ao trabalho.
Recentemente, circulou pela web uma entrevista de cinco anos atrás em que você dizia que depois de Xica da Silva (Manchete, 1996) tinha ficado traumatizada e só voltaria a fazer novela se estivesse passando fome. O que te fez mudar de ideia?
É legal você perguntar isso. A gente muda. O mundo gira e a gente muda de opinião. Falei tantas coisas que eu não concordo mais. Um exemplo que eu adoro citar é o de quando eu falava ‘eu odeio amarelo’. Até a minha casa estou pintando de amarelo agora (risos). A gente muda e começa a pensar diferente, graças a Deus. Os tempos são outros. Também pensava que nunca fosse me casar e ter filho, que eu nunca fosse conquistar as coisas que eu tenho… Se olhar para trás muitas coisas deram certo e muitas não deram. Como é legal mudar de ideia. A gente sai da zona de conforto, ousa e experimenta coisas novas.
Você ficou conhecida após a morte do Ayrton Senna, em 1994, mas sua carreira começou cedo, aos nove anos. Como surgiu esse interesse pelo meio artístico?
Essa escolha foi aos 9 anos de idade, não foi depois da morte do Ayrton. Depois da morte dele fiquei reconhecida nacionalmente, mas antes disso já tinha a experiência. Eu cantava, fazia campanha de televisão e era modelo… Tem uma galera que pensa que eu sou youtuber e comecei agora. Tenho um público que eu agrego, mas também tenho um público superjovem, que não conheceu a minha história e para quem eu ainda tenho que me apresentar. Quando eu tinha nove anos, tinha uma amiga na escola que se chamava Ana Paula Vilela de Castro. Nunca mais vi essa menina e adoraria encontrá-la. Ela era muito querida e linda. Ela era modelo infantil. Eu era gordinha, dentuça, a última da fila e ela era magrinha, nariz fininho, tinha os olhos azuis, chiquérrima. Eu queria ser como ela. Da minha casa, assistia aos comerciais de TV em que ela aparecia. Comecei a ficar no pé dela, pedindo para ela me levar um dia com ela em um dos testes. Um dia rolou. Me lembro da minha mãe me preparando: ‘Filha, a gente toma muito não da vida, não é fácil para ninguém’. Ela falava para eu não ficar decepcionada. Fui animadíssima. A primeira campanha foi como figuração. Aparecia só um pedaço do meu cabelo na cena. Recebi muitos ‘nãos’. Esses ‘nãos’ me chatearam, mas em nenhum momento me desanimaram ou mexeram comigo a ponto de eu achar que não servia para isso. Desde cedo, o meu sonho era apresentar um programa. Mas, para chegar ali, eu tive que passar por caminhos que eu não queria.