Os trabalhadores das empresas de Correios e Telégrafos vão discutir, nesta terça-feira, a possibilidade de greve por tempo indeterminado. A decisão foi adiada, na última semana, em razão de uma proposta de conciliação apresentada pelo vice-presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Renato de Lacerda Paiva.
O acordo, caso aceito pelos trabalhadores, prevê um reajuste de 3,68% nos salários, abaixo dos 5% pedidos pela categoria. No entanto, conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios (Sintect), em Mato Grosso, Edmar Leite, a discussão vai além da questão salarial. “Estamos nos mobilizando contra o processo de desmonte da empresa, com falta de funcionários, fechamento de agências e terceirização de alguns cargos”, afirmou, ao Só Notícias.
Segundo o presidente da entidade, a categoria também denuncia o processo de privatização da estatal. “Os diferentes governos iniciaram processo para acabar com a imagem dos Correios perante a população, através da queda dos serviços prestados. Um fator que contribui para isso é a falta de funcionários. Outro é o fim do transporte aéreo de carga. Tudo feito propositalmente pela direção da empresa para derrubar a qualidade do serviço e favorecer as empresas privadas”.
Outro ponto reivindicado pelos trabalhadores, e que tem causado impasse na assinatura de um acordo, é o plano de saúde. Edmar afirma que a categoria perdeu entre 40% e 60% do salário líquido com a implantação de uma mensalidade. “A gente reinvidica a revogação destas medidas em relação ao plano de saúde”.
Na última quinta-feira (9), representantes da Federação dos Trabalhadores dos Correios (Fintect) se reuniram com o vice-presidente do TST. Após o encontro, a entidade divulgou nota informando que o custeio do plano de saúde não foi contemplado na proposta de concilização. A Federação ainda prometeu cobrar mais explicações sobre a proposta do TST e encaminhar esclarecimentos aos trabalhadores de diversos Estado, antes das assembleias marcadas para esta terça.
Em Mato Grosso, estão marcadas assembleias para Sinop, Cuiabá, Rondonópolis, Cáceres e Alta Floresta. A direção dos Correios no Estado informou, por meio da assessoria, que já montou um plano para garantir a continuidade dos serviços, caso os trabalhadores decidam pela greve.
Conforme Só Notícias já informou, a paralisação em Mato Grosso e outros estados estava prevista ainda para julho. Porém, o início de greve foi prorrogado como forma de tentar negociar um acordo com a direção da empresa.
No ano passado, a categoria paralisou as atividades por 18 dias. O movimento foi encerrado em outubro, após proposta que previa reajuste de 2,07% nos salários e benefícios, manutenção das cláusulas sociais, compensação de 64 horas (oito dias) e desconto dos demais dias de ausência, além da manutenção das cláusulas já existentes no acordo firmado em 2016.
No total, 1.550 profissionais trabalham nos Correios em Mato Grosso.