Moradores do bairro Benjamim Raiser, mais precisamente os que ficam vizinhos às instalações do Centro de Atendimento Psicossocial – CAPS, fizeram hoje de manhã uma manifestação, contra a instalação da unidade naquele local, espalhando faixas por toda a rua. Os moradores temem que o tratamento de pessoas com doenças mentais possa trazer algum risco.
A médica Mirian Sole Rocha, que faz parte da equipe do CAPS – Sorriso, explicou que a instalação de um CAPS na área central do município não oferece risco alguns à sociedade. “Nunca tivemos nenhum tipo de transtorno com os vizinhos do Centro, pois trabalhamos com pessoas com transtorno mental, não trabalhamos com pessoas com distúrbio de conduta. O CAPS não é uma cadeia. Ali não estão pessoas que roubam ou que matam, não é essa a nossa demanda. Nossos pacientes estão em busca de ajuda e o que nós queremos é que elas interajam com a sociedade normalmente”, afirma.
Ela contou que o primeiro Centro de Atendimento Psicossocial foi instalado no Brasil em 1987. “O CAPS faz parte da reforma psiquiátrica que vem acontecendo no mundo todo. Ao longo da história percebeu-se que a exclusão das pessoas com transtornos mentais em hospícios não ajudava em nada na evolução e na qualidade de vida do paciente. Nos antigos hospitais psiquiátricos, os pacientes ficavam meses internados, acorrentados, num sistema de atendimento extremamente agressivo. As pessoas eram tratadas em celas”, explica a médica, através da assessoria.
De acordo com Mirian, a implantação dos centros deve ser visto como uma conquista dos direitos humanos. “A igualdade para todos os cidadãos é uma luta antiga. Ainda hoje se faz necessário que alguns conceitos, e pré-conceitos, sejam reavaliados. A pessoa que sofre de transtornos mentais tem que ser vista como um ser humano, que tem direitos como outro qualquer. Eles têm direito á vida. É preciso enxergar o ser humano em toda sua complexidade e não apenas a doença”, enfatiza.
A médica explica que de acordo com o tratamento aplicado pelo CAPS a pessoa continua convivendo com a família e inserida na comunidade. “Dentro do CAPS ela ira desenvolver suas qualidades e habilidades. Lá, ela terá o acolhimento e entendimento que a fará perceber que não está sozinha. Buscamos trazer essa pessoa para a realidade, através de música, oficinas e outras alternativas”, esclarece Mírian.
A nova estrutura física que será inaugurada hoje à tarde, ocupa uma área de 327,24 m2, e abrigará consultórios, sala de procedimentos, refeitório, espaço para oficinas, além de um espaço destinado ao artesanato que será produzido no local. O Caps funcionará das 7 ás 11 horas e das 13 ás 17 horas. A equipe de trabalho é composta por médico, enfermeiro, assistente social, psicólogo, técnico de enfermagem, agente administrativo, artesão e pedagogo.