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População continua consumindo açúcar e gorduras em excesso

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O brasileiro continua consumindo açúcar em níveis superiores ao considerado aceitável, que é 10% de toda a ingestão calórica em um dia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre os anos de 2003 e 2009, os açúcares se mantiveram em 17% da dieta diária em todo o país e em todas as classes de renda. Além disso, as gorduras, principalmente os ácidos graxos saturados, ganharam mais espaço na mesa do brasileiro. No mesmo período o consumo de lipídios (gorduras) aumentou de 27,8% para 28,7%. Já as frutas e as hortaliças ainda são pouco consumidas e representam 2,01% e 0,80% das calorias ingeridas pelo brasileiro, respectivamente.

A constatação é do suplemento Avaliação Nutricional da Disponibilidade Domiciliar de Alimentos no Brasil, da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, divulgado hoje (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento avalia a qualidade nutricional dos produtos disponíveis para alimentação no domicílio, em termos de participação no consumo de calorias, carboidratos, proteínas e gorduras.

O estudo também revela que alimentos básicos e tradicionais na dieta do brasileiro, como o arroz, feijão e a farinha de mandioca, vêm perdendo importância, enquanto alimentos processados prontos para consumo ganham cada vez mais espaço na mesa. É o caso de pães, embutidos, biscoitos, refrigerantes e refeições prontas.

Para a publicitária Sibele Villar, que não é muito adepta de frutas e verduras, a correria do dia o dia e a grande oferta de produtos industrializados nas prateleiras dos supermercados abrem caminho para uma alimentação menos saudável.

“Eu já não sou muito fã de frutas, verduras e legumes. E, como a gente acha com facilidade pães, biscoitos e coisinhas prontas bonitinhas e gostosas, além de fáceis de carregar na bolsa, acaba optando por eles. É mais prático e a novidade sempre atrai”, afirma.

De acordo com a nutricionista clínica Vânia Barberan, membro da Associação de Nutrição do Estado do Rio de Janeiro, o problema do consumo excessivo de produtos industrializados está diretamente relacionado à maior ingestão de açúcares e gorduras.

“Para aumentar o tempo de armazenamento e garantir o sabor desses alimentos, eles são ricos em gorduras e açúcares. O problema é que, também por conta da correria cotidiana, o homem de hoje tem uma vida muito sedentária. E essa associação é muito ruim para a saúde porque gera obesidade, aumento das taxas de colesterol e problemas cardiovasculares”, explicou.

A pesquisa chama a atenção, ainda, para uma melhora no padrão de consumo de alimentos observada em todas as regiões e em todas as classes de renda: a adequação sistemática do teor proteico dos alimentos, que passou de 11,6% para 12,1% nesse período, e a elevada participação de proteínas de origem animal, que subiu de 6,1% para 6,7%.

De acordo com o levantamento, em linhas gerais a composição da dieta do brasileiro, com base nos chamados macronutrientes, evidencia uma adequação às recomendações nutricionais. A única exceção fica mesmo por conta do consumo do açúcar. Em 2009, a dieta era composta da seguinte forma: 59% das calorias totais disponíveis para consumo nos domicílios brasileiros eram provenientes de carboidratos, 12% de proteínas e 29% de lipídios. De acordo com a OMS, os carboidratos devem representar entre 55% e 75% das calorias totais; as proteínas, entre 10% e 15%, principalmente de origem animal; e os lipídios ou gorduras, entre 15% e 30%. O documento destaca, no entanto, que este último tende a ultrapassar o recomendado nos próximos anos.

A análise regional e a observação de áreas rurais e urbanas reproduzem esse padrão de adequação do teor proteico e excesso de açúcares. Indicam, ainda, que nas áreas urbanas das regiões economicamente mais desenvolvidas, como o Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e, de modo geral, no meio urbano e entre famílias com maior renda, verificou-se consumo elevado de gorduras, em especial as saturadas. No Sul, os lipídios respondem por 31,6% do total de calorias; no Sudeste, por 30,6%; e no Centro-Oeste, por 29,6%.

 

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