A insatisfação em relação à saúde do país atinge 93% da população, que analisa o serviço público e particular como ruim ou péssimo. Para 87% dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), o atendimento não está aprovado e na região Centro-Oeste 75% dos moradores veem a prestação de serviço como de baixa qualidade. As informações constam na pesquisa solicitada pelo Conselho Federal de Medicina e Associação Paulista de Medicina, realizada pelo Instituto Datafolha. Por outro lado, o estudo aponta que 57% dos brasileiros apontam o setor como o mais importante.
Para o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed), a pesquisa vem para confirmar uma realidade que se estende ao longo dos anos dentro e fora das unidades de saúde de todo o Brasil. Em Mato Grosso, não é diferente. Presidente do Sindimed, Elza Queiróz comenta que o resultado do estudo é apenas uma demonstração explícita de todo sofrimento da população que depende do atendimento público de saúde. “Não é segredo para ninguém. Esse é um assunto que estampa as capas de jornais há muitos anos e deixou de ser prioridade dos gestores”.
Elza avalia que o setor não acompanhou o crescimento da população e demanda. Cita como exemplo o Pronto-Socorro de Cuiabá, fundado há 30 anos quando a realidade da Capital e Estado era outra. “Não teve ampliação de leito, investimento adequado na estrutura e no profissional”.
Pontua que além do baixo investimento, a necessidade por saúde mudou e cita como exemplo o aumento da demanda de acidentados no trânsito, em virtude do aumento do número de veículos, especialmente motos.
O presidente do Comitê de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso, Fábio Capilé, também não se surpreende com o grau de insatisfação e frisa que é um reflexo da má gestão continuada, que adota só medidas paliativas e não cria uma política adequada de gestão. “No interior não tem saúde adequada e o prefeito acaba investindo em ambulância para encaminhar o paciente para Cuiabá. Por outro lado, a Capital não tem hospital e o Pronto Socorro e acaba atendendo como pode para não deixar ninguém na rua. Diante disso, vemos o cenário comum que são várias pessoas acomodadas nos corredores da unidade”.
Outro lado
A Secretaria de Saúde de Cuiabá preferiu não se pronunciar. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) disse que avaliaria a pesquisa.