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Mais de 40 novos casos de HIV são diagnosticados por mês em Cuiabá

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A Gazeta (foto: assessoria/arquivo)

Todo mês, mais de 40 pessoas descobrem que são soropositivas em Cuiabá. Até o 3º trimestre deste ano, só na Capital, foram 394 registros. Neste domingo, 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a Aids, mais um alerta é emitido. O índice é considerado significativo já que em todo o ano de 2018, foram notificados 443 casos de HVI/Aids. Os números são referentes aos atendimentos prestados pelo Serviço de Assistência Especializada em HIV/Aids (SAE) local. Porém, a estimativa é que esse índice seja ainda maior, já que para cada pessoa que recebe o diagnóstico, há outras 4 que não têm conhecimento que possuem o vírus. Além disso, a unidade atende, em média, 500 casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) ao mês, entre sífilis, gonorreia, clamidia, HPV e outras.

Quem chega à única unidade do SAE em Cuiabá, se depara com uma equipe acolhedora e disposta a prestar todo atendimento necessário. Seja para a realização de um teste rápido, retirada de medicamento ou uma consulta com algum especialista da equipe multidisciplinar. Pacientes elogiam o atendimento, mas frisam que a estrutura já não comporta o número de pessoas soropositivas ou portadoras de alguma IST, que tem aumentando diariamente em todo o Estado. “Aqui vem gente até do interior e é claro que o pessoal não vai negar atendimento. O problema é que reflete na gente, que mora aqui. Às vezes, perdemos um período todo aguardando pelo atendimento”, conta um paciente que aguardava ser chamado, em meio a muitos outros que lotavam um dos corredores da unidade.

O SAE Cuiabá conta com médicos, dentistas, nutricionistas, farmacêuticos, assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e técnicos em saúde bucal. Uma equipe completa e elogiada pelo presidente do Fórum de ONGs Aids de Mato Grosso, Lucas Patrick Machado, que acompanha todas as nuances enfrentadas pelas pessoas soropositivas no Estado.

Apesar de reconhecer que muitas coisas referentes ao tratamento melhoraram, Lucas frisa que as dificuldades ainda são muitas. “A questão dos medicamentos, por exemplo, que sempre estavam em falta, já não é constatada há um tempo. Dentre os problemas ainda existentes, o maior acredito que seja a estrutura defasada do SAE da Capital”. Segundo ele, apesar de existir um projeto de reforma e ampliação da unidade há pelo menos 3 anos, até hoje não saiu do papel. Com o crescente número de pacientes soropositivos, a estrutura oferecida já se tornou defasada. “No último mês, para se ter uma noção, tivemos 46 novos casos de HIV só em Cuiabá. E este número, agregado ao já existente em tratamento, torna o local insuficiente”.

Machado lembra que além da reforma do SAE, há também um projeto para a descentralização do atendimento, com a implantação de uma nova unidade na região do CPA. “O que ficamos sabendo nos bastidores é que só não houve esse incremento no atendimento porque não tem equipe para atender em mais uma unidade”.

Já o membro da Rede Nacional de Pessoas com HIV e Aids de Mato Grosso, Sandro Rosa, diz que o atendimento em Cuiabá está ótimo se comparado ao oferecido no interior do Estado. Ele lembra que são poucas unidades do SAE distribuídas nos demais municípios e elas não têm a estrutura necessária para um atendimento adequado.

Cita problemas encontrados no Centro Estadual de Referência de Média e Alta Complexidade (Cermac), uma unidade que deveria ser referência, por receber pacientes de todo o Estado, mas, que de acordo com ele, sofre um processo de desmonte. “Estamos denunciando irregularidades existentes naquele local há mais de ano. Já ouvimos boatos de que o prédio seria até desativado, mas o atual secretário de Saúde nos informou que irá mantê-lo. Porém, se não reformar e equipar com bons profissionais, de nada adiantará”. Membro da Rede Nacional de Pessoas com HIV e Aids no Estado ressalta que além dos medicamentos e estrutura para o tratamento, os pacientes soropositivos precisam de apoio psicológico, de assistência social, exames especializados e nestes pontos o interior é deficitário.

Apesar do fornecimento de medicamentos antirretrovirais estar em dia em Mato Grosso, Rosa diz que faltam os que são usados no tratamento de sífilis e hepatites virais. “A sífilis se tornou uma pandemia, que atinge muita gente, e é uma porta aberta para o vírus do HIV”. Por fim, frisa a necessidade da realização de campanhas preventivas que, especialmente este ano, deixaram a desejar, tanto por parte do governo federal, quanto estadual. “O número de pessoas sendo contaminadas pelo HIV tem crescido e a maioria é jovem. Vemos nitidamente a falta de responsabilidade na vida sexual”. Sandro acrescenta que os governos não têm usado, nas poucas campanhas realizadas, a nomenclatura Aids, como se a doença tivesse sido extinguida do país.

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