Os municípios de Lucas do Rio Verde e Campo Verde (131 km ao sul de Cuiabá) contam com ampla produção agrícola no Estado e foram usados como campo de pesquisa do projeto avaliação do risco à saúde humana decorrente do uso de agrotóxicos na agricultura e pecuárias na Região Centro Oeste. Mesmo diante dos impactos ambientais e à saúde apresentados pelo estudo, as secretarias municipais de saúde não possuem nenhum trabalho voltado para o problema. Conforme a pesquisa, parte do agrotóxico usado nas plantações é absorvida pela população humana, uma parcela é consumida por animais e outra parte vai para o solo e para a água. Os principais prejudicados são os trabalhadores diretos.
A secretária de Campo Verde, Fátima Melim, revela que a ausência deste modelo de política não é exclusividade mato-grossense. "O Ministério da Saúde não tem, a Secretaria de Estado não tem e a municipal também não". Ela afirma ainda que no município não existe a necessidade de realizar um trabalho específico, porque não existe demanda.
O secretário de Saúde de Lucas do Rio Verde, Pascoal de Oliveira Júnior, também afirma que o município não tem dados substanciais que associem as patologias ao uso de agrotóxicos e destaca que aguarda o resultado de um trabalho em andamento pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) para desenvolver políticas focadas.
A professora doutora em Química, Eliana Carvalho Dores, que também atuou no projeto, lembra que são vários os problemas de saúde ocasionados pela exposição crônica, com diversos sintomas, além de demorarem para aparecer, dificultam o estabelecimento de políticas públicas de saúde. Ela entende que mesmo usando o agrotóxico corretamente, não elimina a possibilidade do trabalhador apresentar um problema de saúde diante da exposição sistemática a diversos produtos