A partir desta semana Mato Grosso está incluído no Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (P. A. R. A) do Ministério da Saúde. O programa coleta e analisa alimentos (hortifrutigranjeiros) na busca de restos de agrotóxicos em nível não recomendado pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e comunica os resultados, em caso de necessidade, para proteger a saúde da população.
No final da semana passada, a Secretaria de Estado de Saúde do Estado de Mato Grosso (SES/MT) realizou uma reunião, na Escola de Governo do Estado de Mato Grosso, para a qual foram convidados representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Federação da Agricultura do Estado de Mato Grosso (Famato), do Instituto Nacional de Defesa Agro-pecuária (Indea), da Empresa Mato-grossense de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Empaer),das Secretarias Municipais de Agricultura de Cuiabá e Várzea Grande, da Associação dos Supermercadistas do Estado de Mato Grosso e dos Supermercados Modelo e Atacadão. Técnicos das Vigilâncias Sanitárias dos municípios de Cuiabá, Várzea Grande e da SES/MT também foram convidados para a reunião..
Na reunião os participantes foram informados, pelo agrônomo da Gerência de Toxicologia da ANVISA, Rodrigo Roriz, das regras, preceitos e normas do P. A. R. A. A técnica da Vigilância Sanitária da SES, e representante administrativa para o Programa, em Mato Grosso, Jane Benedita Campos Leite, disse que “com a inclusão a Vigilância Sanitária do Estado passa a coletar amostras de alimentos (de início os vegetais e algumas espécies de frutos como o Tomate) para verificar se eles contêm níveis de agrotóxicos acima do permitido. Uma vez encontrado esses níveis, o laudo técnico será repassado aos órgãos competentes (Mapa, Indea e outros)”.
Rodrigo Roriz informou que “de início a análise terá cunho educativo, com os revendedores sendo orientados a como exigir que os produtos estejam dentro das normas do P. A. R. A, mas posteriormente será punitiva, com aplicação de multas. Estaremos examinando 17 culturas, como feijão, arroz, milho além dos hotifrutigranjeiros. A análise é profunda. Apenas num caso, o da Alface, é testado o uso de 164 ingredientes ativos de agrotóxicos. Os testes são realizados no Laboratório de Saúde Pública DR. Giovanni Cysneiros, o Lacen de Goiás.”.
O técnico da ANVISA ressaltou que a intenção do Ministério da Saúde não é impedir o uso de agrotóxicos, e sim que se use boas práticas de pulverização. “Por exemplo, já existem dados indicando que 3% das intoxicações atendidas em hospitais são provocadas por agrotóxicos em alimentos. Se forem seguidas as normas do Ministério da Saúde isso não acontece e esse é o resultado que estaremos buscando em Mato Grosso, com a inclusão do Estado no P..A..R..A”, disse Rodrigo Roriz.
A idéia, segundo Rodrigo Roriz, é evoluir para um tipo de certificação dos produtos comercializados em supermercados, mas para isso é necessário que o Estado organize toda a sua cadeia produtiva para adotar ações de prevenção na pulverização de agrotóxicos, visando proteger os grupos de risco contra os efeitos de excesso de agrotóxicos: crianças e os idosos.
HISTÓRICO – Rodrigo Roriz contou que os fundamentos do P. A. R. A foram lançados em 2001 com quatro Estados: São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Com a inclusão de Mato Grosso atualmente 25 Estados já fazem parte do Programa.
“Uma dificuldade para o aumento de Estados aderindo ao Programa, até o ano de 2006, foi a falta de estrutura laboratorial dos Estados. Como os exames que medem quantidades de agrotóxicos são muito específicos e muitos Estados não possuíam equipamentos que realizassem essas análises, foi necessário primeiro investir nessa infra-instrutura laboratorial”, disse Roriz.
CASOS – Ele lembrou que existem, em Mato Grosso, relatos de casos em que a pulverização de agro-tóxicos em excesso causou uma corrida aos hospitais, como em Lucas do Rio Verde, em 2007.
No âmbito internacional a Cingapura aparece como o mais novo país a apresentar traços de substância tóxica e alimentos derivados de leite, vindo da China. Foram encontrados traços de Melamina no produto (não confundir com Melanina, substância produzida pelo corpo humano).
A Melamina é um produto químico industrial que pode causar pedras e falência dos rins, em caramelos, iogurte e bebida láctea produzida na China. A importação e comercialização de todos os produtos derivados de leite chinês foi proibida pelo Governo de Cingapura.
Na própria China 13 mil crianças foram hospitalizadas após consumirem leite em pó contaminado com Melamina. Quatro crianças morreram e 6,2 mil ficaram doentes, segundo informações da agencia de noticias Xinhua, citando o Ministério de Saúde do país.