O Hospital Geral Universitário (HGU) segue o exemplo do Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM) e ameaça fechar. O motivo é a ociosidade dos serviços, que chega a 50% em alguns setores. Dos R$ 5 milhões necessários por mês para manter-se, o hospital arrecada R$ 3 milhões. De 2008 até hoje, de acordo com dados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde da Assembleia Legislativa, 117 pessoas morreram aguardando por atendimento em Mato Grosso.
O diretor geral do HGU, Vander Fernandes, afirmou que o hospital está muito aquém à sua capacidade de atendimento. O HGU tem 90% dos serviços via Sistema Único de Saúde (SUS) e a Prefeitura de Cuiabá é a gestora plena dos recursos. Mas o município, segundo Fernandes, opta por contratar entidades não habilitadas pelo Ministério da Saúde, o que prejudica a situação financeira de entidades habilitadas, como o HGU, que é referência em procedimentos de média e alta complexidade. “O Ministério da Saúde habilita as instituições de melhor assistência. Quando a Prefeitura usa um não habilitado, o Ministério entende que aquele dinheiro não foi gasto”.
De acordo com Fernandes, o argumento do Executivo para não contratar os serviços é falta de orçamento. Ele explicou na CPI da Saúde que até setembro de 2009, a Prefeitura de Cuiabá exigiu que fosse reduzido os atendimentos para que ele não chegasse ao teto estipulado por ela, isto é, não estourasse o orçamento voltado à saúde. Por isso, foi diminuído entre 40% e 50% dos atendimentos. Das 40 cirurgias cardiológicas que o HGU tem condições de fazer mensalmente, são realizadas somente 20. Na ortopedia (1,5 mil aguardam na fila de espera no Estado), das 60, são realizadas 20. Na neurologia, das 45 são 20 e da oftalmologia, das mais de 100 possíveis, são feitas entre 30 e 40.
O presidente da CPI Saúde, deputado Sérgio Ricardo, afirma que são mais de 120 mil pessoas que aguardam na fila no Estado entre consultas e exames.
Outro lado – O secretário de Saúde, Maurélio Ribeiro, afirmou que somente casos esporádicos, oriundos de ações judiciais, são feitos por entidades de saúde não habilitados e que essa fatia representa apenas 5% da demanda. “Só podemos contratar aquilo que o orçamento permite”. Ribeiro lembrou também que apenas uma pequena parcela dos pacientes são da alta complexidade e que a grande maioria é da baixa.
Sobre o pedido para diminuição dos atendimentos, o secretário lembrou que assumiu a pasta em dezembro de 2009, mas que com certeza isso deve ter acontecido já que se trabalha com um limite no orçamento.