O Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM) ameaça fechar definitivamente caso os profissionais da saúde tenham que reduzir os plantões mensais de 22 mil para 6.132 horas. Por causa da gravidade da situação, coordenadores do Ministério da Educação (MEC) se reuniram com integrantes do Ministério do Planejamento para estudar uma alternativa para o funcionamento. Essa é a pior crise do hospital em 25 anos de existência.
Representantes do sistema de saúde de Mato Grosso apresentaram ontem a “Comissão de Defesa do HUJM” para repudiar a ação do Executivo federal. O presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), Arlan de Azevedo, disse que acionou o advogado da entidade para protocolar hoje um recurso no Ministério Público Federal (MPF). “Dentre os hospitais federais públicos, o Júlio Müller é um dos mais novos. Ele não tem fundação e nunca foi feito um concurso público para ele”.
Este é o segundo movimento judicial. A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat) e o Sindicato dos Trabalhadores da UFMT já protocolaram uma Ação Civil Pública.
O medo do fechamento do HUJM está presente nas discussões das entidades ligadas à saúde, já que não há possibilidade do hospital funcionar apenas durante o dia, o que inclui as atividades nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI). O vice-reitor da UFMT, Francisco Souto, diz que essa é a pior crise da instituição. “Nos outros anos, tínhamos alternativas para que ele continuasse funcionando. Agora ficou muito difícil. Não tem como garantir o pagamento dos serviços como antes”.
A superintendente interina do hospital, Olga Takano, afirma que a entidade precisa de R$ 1,1 milhão por mês, mas a verba é de R$ 690 mil. “O hospital deve ser tocado por 24 horas, por isso a necessidade do plantão”.
De acordo com documento distribuído à imprensa, “a falta de reposição de funcionários, aliada à crescente importância do HUJM, exigiu a implantação do sistema de plantões e funcionamento ininterrupto de todos os setores”.
Com a publicação da Lei 11.907 e da Portaria 918, os 49 hospitais universitários federais tiveram que reduzir os serviços. Atualmente, os pronto-atendimentos adulto e pediátrico estão fechados, as unidades de internação clínica estão funcionando com 30% da capacidade. As escalas serão cumpridas normalmente até 15 de janeiro. Quando as horas/ano chegam a 90, os profissionais terão que recusar pacientes, que irão ao Pronto-Socorro de Cuiabá, que não suportaria a demanda.
A assessoria de comunicação do MEC informou que Coordenadoria Geral de Hospitais Universitários estava reunida com integrantes do Planejamento para fazer projeções quanto à necessidade de horas por mês.