PUBLICIDADE

Hospital faz primeira cirurgia de doença de Parkinson pelo SUS em Mato Grosso

PUBLICIDADE

O hospital São Benedito, em Cuiabá, realizou nesta semana a primeira cirurgia de doença de Parkinson, em Mato Grosso, totalmente custeada pelo Sistema Único de Saúde. A paciente Jucineide Dias, 47 anos, sofria há 10 anos com a doença e recebeu alta médica nesta sexta-feira (11) após a realização do procedimento, com sucesso.

Ela foi encaminhada para o hospital São Benedito no mês de fevereiro, após uma década de idas e vindas médicas. Natural de Várzea Grande, ela já se consultou nas policlínicas do município, no Hospital Geral Universitário e até na clínica da Universidade de São Paulo, quando descobriu que tinha doença de Parkinson já em estado bem avançado.

A doença é neurodegenerativa caracterizada por tremores intensos e rigidez dos membros superiores e inferiores,  e atinge, em geral, pessoas com idade acima dos 55 anos.

Apesar de estar longe da faixa etária de risco, segundo Jucineide, ela não conseguia fazer sequer os movimentos simples do dia-a-dia, como comer, tomar banho ou mesmo andar. Era necessário sempre o apoio do marido e dos três filhos, que tiveram que sacrificar um pouco de suas próprias vidas para cuidar da mãe. "Quando eu tinha 37 anos, dormi uma noite e acordei já com o dedinho tremendo. Desde então, todo o meu corpo foi acometido pela doença e eu visitei vários médicos, entrei na Justiça para conseguir fazer a cirurgia e nunca obtive retorno. Mas, graças a Deus, tive o apoio da minha família, que tanto lutou comigo para conseguir que as portas do hospital São Benedito se abrissem para mim", conta.

Jucineide foi atendida no laboratório de neurocirurgia funcional do hospital, que conta com seis neurocirurgiões. A cirurgia durou quase sete horas e foi realizada por uma equipe de três médicos neurologistas.

De acordo com o neurocirurgião Jony Soares Ramos, o procedimento consistiu na implantação, no cérebro da paciente, de um sistema de estimulação profunda – um equipamento semelhante a um marca-passo. “Ele modula a atividade elétrica das estruturas profundas do cérebro. Não é uma cura para a doença de Parkinson. O que temos é um tratamento para o controle dos sistemas motores da doença”, explica o neurocirurgião.

Segundo ele, a realização da cirurgia só foi possível pela paciente apresentar sintomas motores da doença e não envolvimento cognitivo. Tanto que, no dia posterior à cirurgia, Jucineide já conseguia segurar itens e dar pequenos passos. “Foi uma cirurgia de sucesso. Tanto que, no ato do procedimento, conseguíamos perceber os movimentos involuntários do corpo dela irem diminuindo. Após 10 horas de cirurgia, ela já estava transformada. Era visível a melhoria da saúde”, afirma.

A cirurgia custou aos cofres públicos aproximadamente R$ 16 mil. O mesmo procedimento, em caso de judicialização, custaria em média R$ 450 mil, conforme o diretor do hospital São Benedito, Jorge Lafetá.  “Eu estou falando de um paciente só. São R$ 450 mil que teríamos de desembolsar e que poderiam ser gastos com outras cirurgias. Agora que temos estrutura e médicos capacitados para realizar as neurocirurgias e cirurgias ortopédicas, não deverá haver casos de judicialização”, assegura.

A previsão é de que o laboratório de neurocirurgia funcional realize novas cirurgias para melhoria da doença de Parkinson, assim como novas cirurgias de hipófise. Desde a inauguração do hospital São Benedito, já foram realizadas 159 neurocirurgias de alta complexidade e 78 neurocirurgias de média complexidade, além das 1.538 cirurgias ortopédicas. 

Dentre as cirurgias de alta complexidade estão 42 de artrodese de coluna, 54 microcirurgias para a retirada de tumor cerebral, 30 microcirurgias de aneurisma, e mais outras 33.

“Por mês, o hospital investe R$ 200 mil na realização de 40 cirurgias, enquanto a judicialização de uma única neurocirurgia custaria R$ 450 mil. Isso demostra que o prefeito Mauro Mendes acreditou no hospital que, agora com nosso laboratório de neurocirurgia, será referência não somente em Mato Grosso, mas no Brasil. Em sete meses, já fizemos quase 2 mil cirurgias e mais de 6 mil procedimentos ambulatoriais. Não há hospital público com uma qualidade como esta”, finaliza Lafetá.

Uma nova mulher

Após a realização da cirurgia, Jucineide se tornou uma nova mulher e garantiu que foi incomparável o tratamento que recebeu da equipe de neurologia do hospital, em Cuiabá. “Eu nasci de novo, fui bem tratada pelo hospital, pelo médico e já tenho meus movimentos de volta. É a realização de um sonho”, assegura, por meio de assessoria.

Agora Jucineide ficará aos cuidados dos familiares na pequena casa onde reside, no bairro Souza Lima, em Várzea Grande. Mesmo operada, ela continuará com o tratamento, mas ao invés de 10 medicamentos que tomava diariamente, passará a tomar quatro comprimidos.

“Só Deus sabe o que eu e minha família passamos. Não tenho palavras para agradecer a Deus e a todos os médicos que me ajudaram. Eu não tinha condições, nem se vendesse tudo o que tinha, de pagar essa cirurgia. Mas com muita persistência, fé e graças a essa oportunidade que eu tive de conseguir uma consulta no hospital, estou aqui podendo mostrar a todos que para tudo na vida tem jeito. Não estou curada, mas sou uma nova mulher”, comemora.

Muito emocionada, a filha de Jucineide, Jaqueline Leite, só agradeceu a oportunidade concedida à sua mãe. “Graças à Prefeitura de Cuiabá que colocou à nossa disposição o hospital São Benedito, tenho minha mãe de volta, feliz e com saúde. Desejo que todos que precisem tenham acesso a um tratamento de qualidade, como minha mãe teve depois de tantos anos de sofrimento. Nossa família está realizada”, diz.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias
Relacionadas

PUBLICIDADE