A demanda por atendimento na Policlínica do Verdão, em Cuiabá, aumentou 70% desde que a greve dos médicos iniciou em Várzea Grande, há 19 dias. A média de pessoas que chegam à Policlínica em dias normais é de 250, mas no dia 20 de dezembro atingiu o pico de 476 pacientes. Sete profissionais de enfermagem já foram contratados pela administração, que também procura 3 médicos extras. Na rua, uma tenda do exército foi montada para abrigar as pessoas, que em determinados momentos não conseguem aguardar na sala de espera.
A auxiliar de laboratório, Simone Pinto de Moraes, está com sintomas de conjuntivite e buscou atendimento na Policlínica do Parque do Lago, em Várzea Grande. Porém, indicaram que apenas no Pronto-Socorro teria atendimento de emergência. “Nem cheguei a ir lá. Prefiro vir no Verdão, que sei que serei atendida. Tem vezes que ficamos o dia todo no PS e não conseguimos consulta”.
O pedreiro Rubens Lúcio da Silva, 39, nem procurou um estabelecimento de saúde em Várzea Grande. Preferiu a Policlínica de Cuiabá pela proximidade de casa. “Mesmo antes da greve, já estava desistindo do atendimento lá. Quando ia no posto de saúde, marcavam consulta somente de um dia para o outro, agora então, está um caos”.
A coordenadora interina da Policlínica do Verdão, Silvinha de Figueiredo, diz que os pacientes são. Porém, o processo tem sido demorado. “Com a alta demanda, temos casos de desacato a funcionário, porque os pacientes querem ser atendidos, e alguns ficam exaltados. Porém, temos que seguir a classificação de risco”, explica.
Por causa da greve, o serviço dos 240 médicos de Programa de Saúde da Família (PSF), postos de saúde e policlínicas de Várzea Grande estão suspensos. Eles continuam em greve até que a Prefeitura reenvie proposta ao sindicato da categoria. O ofício encaminhado na quinta-feira contempla parcialmente as reivindicações, que vai do pagamento em atraso do benefício de verba indenizatória a aumento salarial. Apenas o serviço médico do Pronto-Socorro (PS) está em funcionamento.
Para o presidente do Sindicato de Médicos de Mato Grosso (Sindimed-MT), Edinaldo Lemos, a proposta inicial do prefeito Murilo Domingos é inconsistente. “Eles nos passaram um calendário de pagamento da verba indenizatória, mas o aumento prometido em dezembro de 2009 foi ignorado”.
O aumento salarial de R$ 1,3 mil para R$ 1,6 mil está previsto na Lei nº 3.458 deste ano. Conforme a programação, em setembro este incremento seria aplicado e em maio de 2011 haveria o aumento posterior do piso para R$ 1,9 mil. Porém, Edinaldo afirma que a proposta inicial previa somente o aumento de maio.
Em relação à verba indenizatória em atraso dos meses de outubro a dezembro, a Prefeitura apresentou cronograma de pagamento que vai de janeiro a abril de 2011. O benefício deveria incrementar em R$ 2,5 mil o salário dos médicos do PS e em R$ 1 mil o dos demais profissionais. Somando com o aumento no piso de R$ 300 em atraso, que deveria ter sido aplicado em setembro a cada um dos 500 médicos, o total da conta fica em R$ 450 mil.
O secretário de administração de Várzea Grande, Marcos da Silva, afirma que até a tarde de ontem nenhuma manifestação do Sindimed em relação à proposta havia chegado em suas mãos. Sobre aumento de R$ 300 previsto para setembro, o secretário diz que foi explicado à categoria que a Prefeitura estava sem verba para cumprir os pagamentos. “Tivemos queda na arrecadação e chegamos a revogar a lei, que previa o aumento”.