Visando à garantia da qualidade dos serviços ofertados aos pacientes portadores de insuficiência renal, é que a Secretaria de Estado de Saúde (SES), por meio da Vigilância Sanitária (Visa), promove o curso de “Inspeção Sanitária em Serviços de Terapia Renal Substitutiva / Diálise” para 38 técnicos de saúde, sendo eles do nível central, dos Escritórios Regionais de Saúde (ERS) e das Vigilâncias Sanitárias dos municípios em gestão plena. “O objetivo de capacitar os técnicos é descentralizar e intensificar o controle das questões higiênico sanitária e o acompanhamento da terapia renal substitutiva realizada no Estado tendo como foco na qualidade de vida do paciente”, afirmou o coordenador de Vigilância Sanitária (Visa) da Saúde, Benedito Oscar Fernandes de Campos.
Conforme Oscar, a avaliação da qualidade desses serviços é importante considerando a necessidade de redução dos riscos aos quais ficam expostos os pacientes que realizam a diálise. Esse tratamento é realizado quando a função renal se torna debilitada e o organismo necessita de um outro processo que consiga suprir as suas necessidades de filtração, depuração e “purificação” do sangue, removendo toxinas, sais e outros minerais e produtos do metabolismo celular, além do excesso de água do organismo.
Quando os rins começam a funcionar de forma insuficiente, todas estas substâncias ficam retidas em excesso no organismo, podendo provocar edema, hipertensão arterial e até mesmo insuficiência cardíaca. A falência renal pode afetar qualquer pessoa e pode ocorrer a qualquer momento da vida. A doença normalmente progride de forma lenta, mas gradual, resultando em múltiplos sinais e sintomas decorrentes da incapacidade do rim de manter os mecanismos de depuração do organismo, condenando os pacientes à dependência de equipamentos ou da perspectiva do transplante. Existem dois tipos de diálise: hemodiálise e diálise peritoneal.
Conforme dados do Plano Diretor de Regionalização da Nefrologia de Mato Grosso
(PDRN/MT) de um total de 660 pacientes, 641 pacientes fazem hemodiálise, 14 diálise peritoneal ambulatorial e cinco diálise peritoneal ambulatorial contínua. Em todo o Estado, são nove unidades de diálise, sendo cinco clínicas na Capital, das quais quatro conveniadas com o Sistema Único de Saúde (SUS) e uma privada. O tratamento também é ofertado pelo SUS nos municípios de Várzea Grande, Sinop, Cáceres e Rondonópolis, onde o serviço é do Estado.
No Estado, a inspeção nas unidades clínicas que oferecem esse tipo de tratamento segue um cronograma estabelecido pela Saúde conforme a Resolução-RDC nº 154, de 15 de junho de 2004, que trata do Regulamento Técnico para o funcionamento dos serviços de diálise. Em seu artigo 5º, a RDC prevê que os serviços de diálise devem ser inspecionados e avaliados no mínimo duas vezes por ano. “Fazer esse acompanhamento é uma das funções da Vigilância Sanitária”, informou Oscar.
De acordo com a gerente de Vigilância e Serviços da Visa, Valéria Francischini, durante uma inspeção os técnicos avaliam desde a estrutura física, qualificação dos funcionários, qualidade da água e manutenção dos equipamentos que devem estar de acordo com as especificações exigidas pelo Ministério da Saúde (MS). A RDC prevê, por exemplo, que todos os equipamentos em uso no serviço de diálise devem estar limpos, em plenas condições de funcionamento e com todas as funções e alarmes operando. A água utilizada na preparação da solução para diálise nos serviços deve ter a sua qualidade garantida em todas as etapas do seu tratamento, armazenagem e distribuição mediante o monitoramento dos parâmetros microbiológicos e físico-químicos, assim como, dos próprios procedimentos de tratamento.
A capacitação aconteceu durante toda esta semana (de 1 a 5 de agosto) e teve a participação de representantes das Áreas de Tecnologia e Organização dos Serviços de Saúde e Infra Estrutura da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa/MS), técnicos em Assuntos de Tecnologia e Tratamento da Água da Visa da Bahia, representante da Empresa Baxter/SP e da Central Estadual de Regulação/SeS/MT.