O Ministério da Saúde está promovendo mobilização nacional para incentivar pais e responsáveis a levarem as meninas de 9 a 11 anos para tomar a segunda dose da vacina contra o Papiloma Vírus Humano (HPV). As adolescentes desta faixa etária tomaram a primeira dose da vacina há seis meses, portanto devem retornar a um posto para receber a segunda dose. A vacina protege contra quatro subtipos de HPV, sendo dois responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo do útero, que é a terceira causa de morte de mulheres no Brasil.
Neste ano, 40,3 mil adolescentes de 9 a 11 anos tomaram a primeira dose da vacina contra HPV no Estado de Mato Grosso, até o mês de agosto. O quantitativo representa 49,3% do público-alvo formado por 81,7 mil meninas nessa faixa-etária no Estado. No ano passado, quando a vacina foi disponibilizada no SUS, 98,6% do público estimado foi vacinado com a primeira dose, alcançando 79,2 mil meninas de 11 a 13 anos, em Mato Grosso. Entretanto, só 39,7 mil destas meninas procuraram uma unidade de saúde para tomar a segunda dose, o que representa 49,2% do público.
Durante entrevista realizada, ontem, para anunciar o início da vacinação da segunda dose, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, ressaltou a importância da vacina na prevenção contra o câncer do colo do útero. “Apesar do grande sucesso obtido na cobertura vacinal em 2014, neste ano os números ficaram abaixo do esperado. Por isso, o Ministério da Saúde convoca os pais, responsáveis, gestores locais, professores e toda a sociedade para divulgar a informação de que a vacina é segura e eficaz”, afirmou Chioro. Segundo ele, além de todas as medidas tradicionais de prevenção do câncer de colo do útero – que não devem ser deixadas de lado – com a vacina, “o Brasil tem a possibilidade de escrever uma nova história na geração futura das mulheres livres do câncer do colo do útero”.
O ministro destacou a experiência internacional, citando países que implantaram a vacina há, pelo menos quatro anos, com resultados impactantes. “Em países com cobertura vacinal acima de 50% – entre eles Reino Unido e Nova Zelândia – houve 68% de redução nos casos de HPV dos subtipos 16 e 18, que são responsáveis pelo câncer do colo do útero. Já na Austrália, que implantou a vacina em 2007, os casos de verrugas genitais reduziram de 18,4% para 1,1% nas mulheres de até 21 anos. Esses são exemplos de que a vacina é segura e pode mudar a saúde das próximas gerações de mulheres”, observou Chioro.
A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabella Ballalai, que também participou da entrevista coletiva, reforçou a importância da imunização. “Vacinar as meninas de nove anos não vai apresentar resultado imediato, mas será muito importante daqui a 20 ou 30 anos”, ressaltou. Isabela explicou que eventos adversos são comuns em qualquer vacina e não devem ser um impeditivo para a proteção das meninas. “Ela é totalmente segura e está licenciada no mundo desde 2006”, afirmou.
A vacina contra HPV está disponível nas 36 mil salas de vacinação espalhadas pelo país. O Ministério da Saúde recomenda aos estados e municípios que façam parcerias com as escolas públicas e privadas para realizar a vacinação no ambiente escolar. Experiências de vacinação nas escolas realizada em outros países, como Austrália e Escócia, mostram a importância dessa estratégia para garantir altas coberturas vacinais.