A pesquisa, publicada na revista científica Lium Concilium, analisou dados de 2011 a 2021 e revelou que as regiões Norte, Oeste e Noroeste do Estado apresentam os índices mais alarmantes de infecção por malária. Entre as cidades mais afetadas estão Apiacás e Nova Bandeirantes (520 km de Sinop), no Nortão, além de Colniza, Aripuanã e Pontes e Lacerda. O estudo foi conduzido pelo Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso, sob orientação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Além disso, apontou que populações indígenas correm o dobro do risco de contrair a doença em relação aos não indígenas.
De acordo com o levantamento, ao todo, foram identificados mais de 20,8 mil casos de malária no período, com as maiores taxas de incidência entre homens e pessoas com baixos níveis educacionais. As informações foram retiradas dos bancos de dados públicos fornecidos pelo governo do Estado, Sistema Único de Saúde (SUS), sistema de Informação de Agravos de Notificação e do formulário de Notificação do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Malária (SIVEP).
O estudo aponta que a malária está diretamente relacionada às condições socioeconômicas, visto que as regiões mais afetadas possuem baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e sofrem com a falta de saneamento básico, pavimentação e sistemas de drenagem adequados. “A doença impacta desproporcionalmente populações vulneráveis, com menores níveis de educação e acesso limitado a serviços de saúde”, destacou, através de assessoria, a doutora Valéria Gardiano, autora da publicação.
O coordenador da pesquisa, professor doutor Victor Vitorino Lima, enfatiza que esse levantamento pode ser usado como base para a destinação de recursos públicos e elaboração de estratégias de combate à malária. “A prevenção começa com a identificação do problema. Este é um exemplo claro de uma doença negligenciada que precisa de mais atenção por parte das autoridades”, alertou, através de assessoria.
Outro ponto de atenção levantado pela pesquisa é a influência das atividades humanas na incidência da malária. Práticas como ecoturismo, pesca esportiva, criação de gado ao ar livre e desmatamento intensificam o contato entre humanos e os mosquitos vetores, que tem hábitos esofágicos, ou seja, picam fora das habitações.
A malária é transmitida pela picada da fêmea do mosquito-prego (Anopheles), infectada pelo protozoário Plasmodium. Os sintomas incluem febre alta, calafrios, suor excessivo e dor de cabeça. Caso não seja tratada rapidamente, pode levar a complicações graves e óbito.
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