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Doença silenciosa é responsável por 80% das mortes por câncer de fígado

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As hepatites virais são silenciosas, mas os tipos B e C, juntos, provocam cerca de 80% de todas as mortes por câncer de fígado e matam quase 1,4 milhão de pessoas todos os anos no Brasil. Entre 1999 e 2015, foram notificados no País mais de 500 mil casos de hepatites B e C. Em Mato Grosso, entre 2012 e 2016, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) recebeu 808 notificações de hepatite A, 4.807 de hepatite B e 1.351 casos de hepatite C. Em alusão ao Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, em 28 de julho, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) desenvolve uma série de ações em parceria com municípios para alertar e sensibilizar a população quanto aos cuidados necessários para reduzir os casos.

A hepatite é uma inflamação do fígado que pode estar relacionada a diversas causas, e a notificação é compulsória para a Vigilância Epidemiológica. Os vírus, causadores das hepatites infecciosas na espécie humana, são: A (HAV), B (HBV), C (HCV), D (HDV) e E (HEV). As mais comuns no Brasil são hepatites A, B e C, conforme a coordenadora de Vigilância Epidemiológica da SES, Alessandra Moraes.

A maioria dos casos de Hepatite A ocorre em crianças. Pode se manifestar de forma assintomática ou apresentar sintomas como febre baixa, dor de cabeça e sensação de fraqueza, falta de apetite, icterícia, fezes esbranquiçadas e urina escura. Menos de 1% dos casos pode levar a insuficiência hepática aguda grave, principalmente em idosos.

Em Mato Grosso, registra-se a maior concentração da doença entre crianças de seis a 10 anos de idade. Essa realidade pode estar associada a surtos característicos de ocorrência em ambientes escolares. De acordo com levantamento realizado pela SES, os casos notificados de hepatite A, no período de 2012 a 2016, são mais frequentes em cidades que passaram por enchentes.

Já a incidência de hepatite B (por 100 mil habitantes) no estado é maior em relação às demais, porém houve declínio de notificações ao longo dos anos, passando de 24,3 em 2012 para 17,0 em 2016. O mesmo ocorreu com a hepatite C, de 5,26 para 2,76, entre 2012 e 2016. A maior incidência deste tipo concentra-se nos municípios da região Norte de Mato Grosso.

Entre os anos 2012 e 2015, o maior número de casos notificados de hepatite B no estado foram para o sexo feminino, enquanto em 2016 houve inversão do quadro, com número superior de casos notificados de hepatite B para o sexo masculino. Já para a Hepatite C, o número de casos notificados ao longo dos anos foi maior para o sexo masculino.

A série histórica de casos notificados de hepatite C em Mato Grosso entre 2012 e 2016 não apresentou grandes alterações nesse período, exceto em 2013, com aumento aproximado de 23% em relação ao número médio de casos notificados. Possivelmente, isso ocorreu porque neste ano houve introdução de novos medicamentos (Telaprevir e Boceprevir) para tratamento da Hepatite C no Sistema Único de Saúde (SUS), o que tornou a notificação um dos pré-requisitos para inserção do paciente na terapia.

A disseminação da hepatite A (HAV) está relacionada com a precariedade da infraestrutura, saneamento básico e condições de higiene. O contágio ocorre por via fecal-oral, por contato inter-humano (manipulação de fezes de pessoas infectadas); água e alimentos contaminados (frutas e verduras mal lavadas e alimentos mal cozidos); contato com utensílios contaminados, uso coletivo de copos, talheres, chupetas e mamadeiras.

Já a hepatite B (HBV) é transmitida predominantemente por contato sexual, mas pode ser causada por contato com sangue e derivados contaminados, além da transmissão vertical (de mãe para filho, durante o parto). Desta forma, é essencial desenvolver estratégias de educação em saúde com foco na prevenção. A infecção pelo HBV pode ser curada espontaneamente em torno de 90% dos casos, porém os casos que se tornam crônicos podem evoluir para cirrose e câncer hepático ao longo dos anos.

A transmissão da hepatite C (HCV) ocorre pelo contato com sangue e derivados contaminados. São consideradas vulneráveis pessoas que fazem uso de drogas injetáveis ou inaláveis, e que compartilham os objetos de uso pessoal; pessoas com tatuagem, piercing ou outras formas de exposição per cutânea (por exemplo, consultórios odontológicos, clínicas de podologia, salões de beleza), que não obedecem às normas de biossegurança. A transmissão sexual é pouco frequente, em menos de 1% em parceiros estáveis. A hepatite C se torna crônica em 70% a 85% dos casos, e em média 25% a 30% destes podem evoluir para formas graves, como cirrose e câncer hepático, no período de 20 anos, caso não ocorra intervenção.

Para evitar a hepatite B, são necessários cuidados pessoais constantes, como por exemplo: prática de sexo seguro com uso de preservativos em todas as relações sexuais (preservativos disponíveis em todas as unidades básicas de saúde da rede pública); não compartilhar objetos pessoais como escova de dentes, lâmina de barbear, navalha, alicates de manicure, seringas ou agulhas, canudinhos e cachimbo no uso de drogas; utilização de instrumentos odontológicos, cirúrgicos, de tatuagem ou piercing e perfuração de orelha, e materiais de manicure devidamente esterilizados.

A imunização pode ser feita por meio de vacinas disponíveis na rede do SUS para toda a população. No caso da hepatite B, deve ser feita em três doses (1ª dose, 2ª dose 30 dias após a primeira e 3ª dose seis meses depois da 1ª dose). “É importante que a pessoa conclua as três etapas de vacinação, para que haja eficácia na prevenção”, destacou Alessandra Moraes.

Não há vacina contra o vírus da hepatite C, porém, a partir do final do ano de 2015, foram introduzidos ao SUS três novos medicamentos que têm obtido até 95% de cura nos pacientes com graus de fibrose hepática 3 e 4.

Para intensificar as ações preventivas em alusão à data de 28 de julho, a Secretaria de Estado de Saúde promove a articulação junto à Rede de Frio e a Superintendência de Assistência Farmacêutica para ampliar a distribuição de doses de vacinas de Hepatite B e de testes rápidos para hepatites B e C. De acordo com a Gerência de Imunização da SES-MT , Mato Grosso tem em estoque 90 mil doses de vacina para hepatite B e 17 mil doses para hepatite A.

A Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica (COVEPI) promoverá Roda de Conversa sobre Hepatites Virais – Prevenção e Controle, no dia 28, às 14h, no saguão da SES-MT.

A SES-MT produziu, com o apoio do Gabinete de Comunicação do Estado, uma campanha publicitária com caráter educativo, para alertar e orientar a população. A campanha será disponibilizada no site da Secretaria (www.ses.mt.gov.br), na rede social do Governo do Estado e via whatsapp.

A Vigilância Epidemiológica informa ainda que os testes rápidos ficam disponíveis para a população no decorrer do ano, nas Unidades Básicas de Saúde e Serviços de Assistência Especializada (SAE), assim como a imunização contra hepatite A (menores de cinco anos e imunodeprimidos) e hepatite B (população em geral). Todo o tratamento das hepatites B e C é ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) do estado.

Segundo informou a coordenadora de Vigilância Epidemiológica, Alessandra Moraes, os Escritórios Regionais de Saúde foram orientados, pelo Programa Estadual de IST, Aids e Hepatites Virais, a solicitarem um Plano de Ação a todos os municípios, referente às atividades a serem desenvolvidas no mês de julho e estendidas até o final do ano.

Cada município tem a autonomia para planejar as atividades, tendo foco em atividades educativas, realização de testes rápidos para triagem de diagnóstico para Hepatite B (população geral) e C (para pessoas com mais de 40 anos de idade, ou que fizeram cirurgia, transfusão de sangue, tatuagem antes de 1993), e encaminhamento ao serviço especializado para confirmação do diagnóstico e início de tratamento, quando necessário;  incentivo à imunização (hepatite B) para a população geral ao longo do ano; e distribuição e incentivo do uso de preservativos.

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