A reinserção do sorotipo 2 da dengue em Mato Grosso é responsável pelo aumento de 150% das notificações da doença no Estado, que este ano registrou 24.922 suspeitas, sendo 1.094 de casos graves, entre janeiro e 10 de junho. No mesmo período em 2008, foram 9.967 registros.
A médica da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Silbene Lotufo Müller, explica que existem 4 sorotipos de dengue (1, 2, 3, 4) e o DEN-2 é o mais virulento de todos. Em Mato Grosso, foi identificada ainda a presença do sorotipo 1, que já circula há alguns anos. Ela destaca que as 33 mortes registrados pela doença no Estado podem ter sido provocadas pelo DEN-2, porém não existe um exame laboratorial que comprove o sorotipo presente no organismo das pessoas que foram vítimas da doença. As mortes são provocadas pelo agravamento da dengue clássica para a hemorrágica.
Embora o sorotipo 2 seja o mais virulento, a médica garante que o contágio pelo DEN-2 não quer dizer que o paciente desenvolverá uma dengue hemorrágica ou chegará a óbito. A doença sempre tem início como clássica e pode (ou não) desenvolver um quadro hemorrágico. “A dengue começa da mesma forma em todos os pacientes, durante a evolução da doença é que pode existir o agravamento”.
A complicação depende de fatores como resistência do organismo, virulência do sorotipo, doenças associadas e contaminações do paciente por outros sorotipos de dengues, consecutivas. Silbene ensina que os primeiros sintomas sempre são os mesmos para a dengue clássica ou hemorrágica: febre, dor de cabeça, no corpo, nas articulações e por trás dos olhos.
Após o terceiro dia de infecção, quando a febre começa baixar, o paciente precisa ficar atento a novos sintomas que podem aparecer, demonstrando a evolução para um quadro hemorrágico. O aparecimento de dor abdominal, vômito ou sangramento deve ser imediatamente comunicado ao médico. “Se diminuir a febre e aparecer algum tipo de dor na barriga, deve-se procurar uma unidade de saúde o mais rápido possível. A família tem que ficar atenta e comunicar o médico”.
A médica explica que a desidratação nos casos de dengue é mais letal porque é uma perda de líquido silenciosa. “Nos casos de dengue a perda de líquido não ocorre como em uma diarréia, por exemplo, que fica clara a situação”. A desidratação ocorre porque os líquidos vão se acumulando dentro do próprio organismo, podendo ser nos pulmões e estômago, provocando as dores abdominais, neste último caso.
Reinserção – Há 6 anos o DEN-2 não circulava em Mato Grosso, que tinha a presença dos sorotipos 1 e 3 até 2008. O retorno do vírus pode ser responsável pela forma grave como a dengue atingiu crianças e adultos.
Silbene explica que uma vez contraída a dengue por determinado sorotipo o organismo cria mecanismo de defesa em relação ao vírus que não volta a acometer o mesmo paciente pela doença. Por outro lado, a contaminação por um novo sorotipo pode provocar um agravamento da dengue. Essa explicação é levada em consideração para explicar o quadro de dengue este ano no Estado.