As condições precárias de trabalho e a dificuldade de locomoção afastam muitos médicos de atuarem em algumas cidades do interior de Mato Grosso. Alguns municípios chegam a pagar até R$ 30 mil por mês de salário para atrair e fixar os profissionais da saúde. O valor é três vezes mais que o anunciado pelo Ministério da Saúde para o programa Mais Médicos. Um exemplo é o verificado na cidade de Novo Santo Antônio, onde a única médica, Khariny Gonçalves e Silva, assumiu a função há 18 dias.
Em entrevista a Folha de São Paulo, ela disse que a estrutura encontrada “não era boa, mas está melhorando. O prefeito não sabe o que o posto precisa. Se eu peço um remédio, na outra semana está chegando”. O marido da médica destacou que na cidade não tem esgoto e nem água encanada. Para sacar o salário, é necessário percorrer uma distância que demora até quatro horas de carro.
O secretário municipal de Saúde, Lourivan Santos, declarou que se não pagar R$ 30 mil a profissional, o município, com dois mil habitantes, fica sem médico.
De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a prioridade é preencher cerca de dez mil vagas com profissionais brasileiros. Porém, os salário, de R$ 10 mil, para carga horária de 40 horas, não é suficiente para fixar os médicos. Segundo a reportagem, os principais motivos relatados pelos gestores foram a falta de estrutura da cidade, distância da capital e salários mais atrativos nos grandes centros.
Em Santa Luzia (MG), a secretária de Saúde, Kátia Barbosa, afirmou que, desde janeiro, ela tenta preencher 21 vagas de médico, com salários de R$ 12 mil líquidos. Porém, questionou o interesse de brasileiros na bolsa de R$ 10 mil oferecida pelo governo e não descartou a contratação de estrangeiros.
O presidente da Frente Nacional de prefeitos, José Fortunati, disse que haverá interesse dos brasileiros, pois além da bolsa, os médicos também terão moradia e alimentação pagos pelos municípios.