A Justiça Estadual entregou, hoje, o projeto arquitetônico da reforma da ala pediátrica do Hospital Pronto-Socorro de Cuiabá. Há dois anos, a administração municipal retirou as crianças do local para desinfecção e reforma e nunca mais devolveu o espaço. A área também já abrigou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para adultos.
O Ministério da Saúde já destinou R$ 2,5 milhões para a obra, o Governo do Estado também se comprometeu em disponibilizar R$ 1 milhão. Depois da reforma serão 40 leitos infantis, sendo 10 de UTI, 5 de semi-UTI e 25 de enfermaria. Também haverá uma área para isolamento.
O Ministério Público também interveio e fez a prefeitura assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) se comprometendo a entregar a obra até fevereiro de 2014. "Hoje é um dia de muita alegria para nós, é a demonstração de que um trabalho conjunto resulta em grandes feitos", ressalta a magistrada.
A juíza Gleide sabe bem da realidade das crianças que dependem do SUS na Capital. Ela observa que as crianças morrem no Pronto-Socorro por problemas simples como falta de respirador e medicamentos. "Diariamente temos perdido crianças que morrem sem necessidade", observa. Ela conta que o prefeito Mauro Mendes estava reticente em liberar a reforma, porque já tinha o projeto de construir um novo Pronto-Socorro. Mas a construção de uma nova unidade demora três anos e até lá como ficariam as crianças?", salienta.
A intensivista pediátrica Antônia Novais também atestou que a realidade na unidade é muito triste. "A situação no Pronto-Socorro é caótica, morrem crianças semanalmente. A situação é grave porque é um hospital que recebe a demanda do estado inteiro, das policlínicas e tem porta aberta para o SAMU", frisou a médica emocionada.
No sábado (25), uma criança de dez anos morreu esperando por vaga em UTI e quando conseguiu já era tarde. Outra aguarda cirurgia, pois tem tumor no cérebro e os pediatras da unidade temem pela vida da menina.
O projeto foi idealizado pela juíza Gleide Bispo dos Santos, titular da Vara da Infância e Adolescência de Cuiabá, junto ao ex-prefeito Chico Galindo (PTB) e do atual gestor Mauro Mendes (PSB). A magistrada conseguiu que a elaboração do projeto fosse patrocinada pela UNIMED. Também somaram esforços médicos pediatras indignados com as frequentes mortes de crianças na unidade.