O surto de rubéola continua a crescer no País. No último boletim de monitoramento de casos da doença, foram confirmados 5.173 infecções, 995 casos a mais do que havia sido contabilizado até o mês de setembro. “A doença se alastra num ritmo mais rápido do que as vacinações de bloqueio”, admitiu a coordenadora-geral do Programa Nacional de Imunização, Marilac Meireles. Vacinas de bloqueio são aplicadas em grupos que tiveram contato com pessoas infectadas.
O aumento de casos vem acompanhado de um grave problema: o maior risco de mulheres gestantes serem infectadas, transmitir a doença para o feto, o que pode levar à morte do bebê ou seu nascimento com deficiências visuais e auditivas, a chamada síndrome da rubéola congênita.
Somente no Rio, 2% dos casos registrados no Estado foram entre gestantes. Marilac garante que essas mulheres estão recebendo acompanhamento. O País havia se comprometido a erradicar a síndrome e, até 2010, acabar com a transmissão de rubéola. Para a coordenadora, no entanto, o aumento do número de casos neste ano não compromete a meta.
Para tentar erradicar a doença, o Ministério da Saúde prepara uma campanha de vacinação de homens entre 20 e 39 anos, que será realizada durante seis semanas, a partir de agosto. Nas primeiras quatro semanas, a população deve procurar os postos de saúde. Nas duas semanas restantes, porém, o trabalho será diferenciado.
Agentes deverão ir a escolas, empresas e indústrias onde haja maior concentração de homens na faixa etária alvo da campanha. A meta é vacinar 100% da população entre 20 e 39 anos. Um objetivo que, para alguns técnicos, dificilmente será atingido. Há dois complicadores: as vacinas são injetáveis e homens tradicionalmente têm menos disposição para aderir a esse tipo de iniciativa.
Nos Estados do Rio, Mato Grosso e Minas Gerais serão vacinados também adolescentes entre 12 e 19 anos, mas com a tríplice viral que protege contra sarampo, rubéola e caxumba.
A coordenadora atribui o surto no País à combinação de dois fatores: há uma parcela significativa de jovens que não foi imunizada contra a rubéola, porque a vacina não fazia parte do calendário nacional. “E, desta vez, a doença atingiu grandes centros urbanos, o que amplia o risco de contaminação.”