O candidato a prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB), protocolou, esta tarde desta, na Delegacia Fazendária (Defaz) um pedido de investigação de um suposto esquema de fraude na concessão de incentivos fiscais à Caramuru Alimentos, que envolveria o irmão e a cunhada do candidato Emanuel Pinheiro (PMDB). Ele fez a denúncia contra o adversário, ontem à noite, no debate promovido pela TV Record Cuiabá.
O tucano alega que a empresa foi beneficiada irregularmente com benefícios fiscais do Prodeic e teria conseguido o benefício com a influência de Emanuel, que teria indicado o então secretário de Indústria e Comércio, Alan Zanatta. A coligação de Wilson denuncia que em troca recebeu cerca de R$ 4 milhões através de empresas do irmão de Emanuel, Marco Polo Pinheiro, da esposa dele, Bárbara Noronha, e da irmã de Bárbara, Fabiola Noronha. A acusação de Wilson é que a empresa teria recebido incentivos fiscais irregulares no governo de Silval Barbosa, que está preso.
Na transcrição da conversa, divulgada para a imprensa, Barbara supostamente teria dito que teria uma cozinha industrial em Várzea Grande, que atendia funcionários de empreiteiras, e que em 2014 o governo federal começou a atrasar pagamentos, que recebeu alguns cheques, outros foram sustados e que a conta estaria em R$ 4 milhões.
"Fui lá na secretaria (que seria a estadual de Indústria e Comércio), marquei. Eles foram e fizeram reunião. Eu fui junto nas outras eu não fui. Não é nada ilegal. O que eu consegui lá de dentro muitas empresas já fizeram isso que era levar, durante 3 meses, levar uma remessa de soja para Goiás. Era só isso. Porque a planta da empresa não estava pronta, eles compraram. E aí o senhor pode pedir assim pra mim: 'compraram a mais pra levar pra lá'. Pode ser, mas a princípio é uma operação legal. É uma operação legal. E aí eu ajudei nisso. A Fabíola falou: com o dinheiro que a gente ganhar vamos pagar a reforma da cozinha pra gente sei lá (mulher começa a chorar) aí então aprovou, aói foi aquela outra coisa do Silval, aquela baderna que você sabe muito bem que era baderna. Mas não participamos nós não demos um real para ninguém, não corrompi agente público. A única coisa que eu fiz foi o senhor sabe (…) A única coisa que eu fi, fiquei sim indo lá pra ver, ficando vendo no Ceden (Conselho de Desenvolvimento Econômicao, supostamente) para andar. Aí o seu Erasmo passou pelo Ceden. Senhor Erasmo falou: "você vai pagar por aí que eu vou pagar você. tá bom. Quando saiu a operação no meu nome, ele pagou. Aí esses dias "pagaram" muito dibheiro. Aí a pessoa falou: 'você não sabe que pra mim muito dinheiro era no Governo Silval. Mas para mim é né. Porque eu realmente paguei todas as factoringns ainda devo muito.
Em outro trecho, ela diz: "fiz a operação e a Fabíola recebeu R$ 2 milhões. Aí era para fazer pelo escritório dela só que o escritório dela não é simples. Daí ela queria que eu mandasse pros escritórios. Ai na época nem imaginei, nem passou pela minha cabeça que Popó era irmão de Emanuel. Nem passou, juro por Deus. Dei pro escritórios e eles pagaram. Fabiola ficou com o dinheiro dela e o que era meu eu paguei as contas da cozinha. Quando houve aquela quebra de sigilo fiscal na prefeitura, quando aqueles jornalistas começaram a chantagear Deus e o mundo eles pegaram as nossas notas e desde então chantageiam a gente todos os dias. Só que naquela época a gente não tinha nada a ver, daí falei: "Ah, se espalharem moço, o que você pode fazer. A gente vai dar uma falida".
Em outro trecho, ela diz que seu marido recebeu mensagem de um jornalista que Wilson Santos iria colocar este caso em seu programa no horário eleitoral na TV e rádio. "Aí eu vim pedi para não deixar ir ao ar. Não tem nada a ver. Enquando voc6es estão aí brigando com estas coisas da vida de vocês, eu acho que tudo bem. Mas a partir do momento que for pra minha vida vai acabar com minha vida. E eu não sei se isso vai mudar, vai alterar, eu não sei. pode até ser".
Em outra parte da conversa, Wilson pede o que tem de errado no episódio Caramuru. A mulher, que seria Barbara, respondeu: Nada. Foi só as notas fiscais. Que nas notas fiscais teve uma nota fiscal, eu não tava no escritório, foi seu Erasmo que foi lá fazer. E aí era pra ter feito tudo igual, a Fabíola sempre fazia de assessoria tributária. A pessoa que fez escreveu incentivo fiscal.
E não era incentivo fiscal ?, quesitona Wilson. "Era, era sim. Eles tinha incentivo fiscal. Chegou em 2014. Era pra fazer uma remessa de soja que ia"… "Para Goiás", questiona Wilson ? Barbara responde: "Sim que ia massacrar aqui, segundo eles. Eu nem sei ao certo. Eles mandaram pra Goiás. Aí pagaram a Fabíola".
Barbara diz ainda que sustentava a casa com a cozinha. "Quando a Aurora quebrou nós fomos juntos" e que ela e o marido, Popó, "só estamos fazendo pesquisa. Este ano, terrível de pesquisa" .
Na transcrição divulgada, Wilson recomenda que ela procure o Ministério Público para relatar o caso e ela relata quem "tem alguém que fez denúncia entregando a nota".