Um dos principais jornais dos Estados Unidos, Wall Street Journal, publicou reportagem com as negociações conduzidas pelo governador Mauro Mendes, durante a COP-26, em Glasgow, na Escócia, para possibilitar retorno financeiro para quem mantiver matas e florestas protegidas em Mato Grosso.Em suas apresentações a governos internacionais, empresas e organizações não-governamentais, Mauro Mendes destacou o programa Carbono Neutro MT, cuja meta ousada é neutralizar até 2035 as emissões de carbono no Estado.
O prazo do governo mato-grossense antecipa em 15 anos a meta estabelecida no restante do mundo, que vai até 2050. Na reportagem, produtores de Mato Grosso afirmam que protegeriam ainda mais as florestas no Estado se fossem compensados financeiramente por isso. O Estado possui 62% de seu território preservado, mesmo sendo um dos maiores produtores de alimentos do mundo.
O Wall Street Journal informa que o “governador do estado, Mauro Mendes, disse que as autoridades conversaram com governos estrangeiros, empresas e organizações sem fins lucrativos para elaborar um plano de pagamento em que os agricultores daqui seriam compensados para ajudar a proteger suas áreas florestais. Proprietários de terras e especialistas em carbono já calcularam quanto carbono é armazenado nas árvores da região, prevendo um mecanismo para lucrar com suas florestas. Alguns programas existentes aqui e em outros estados amazônicos poderiam servir de modelo para o que poderia funcionar em escala global.
Na Carbonext Tecnologia em Soluções Ambientais Ltda, com sede em São Paulo, uma empresa que projeta projetos de carbono nos gigantescos estados do Amazonas e do Pará, imagens de satélite são usadas para mapear uma área do projeto. Os técnicos então medem a circunferência de uma árvore enquanto estimam a altura para calcular quanto carbono o projeto contém, com cada árvore de tamanho considerável contendo até 7,5 toneladas de carbono.
Cada tonelada que não termina na atmosfera se torna um crédito de carbono que o Carbonext vende para grandes e pequenos emissores em todo o mundo. A diretora-presidente Janaina Dallan disse que sua empresa fecha acordos com proprietários de terras nos quais a Carbonext obtém 70% dos lucros com a venda de créditos de carbono em troca de gerenciar todo o processo, desde a realização do inventário de carbono até a venda das compensações.
Mas ela enfatizou que isso não poderia ser feito sem os fazendeiros ou outros zeladores da floresta. “Não podemos parar o desmatamento apenas pela força.” ela disse. “Precisamos construir alianças com as comunidades locais.”
Outro programa, o Woodwell Climate Research Center, com sede em Falmouth, Massachusetts, lançou no ano passado um projeto piloto de US $ 8 milhões para pagar os agricultores em Mato Grosso para preservarem a floresta em suas terras que, de outra forma, poderiam ser legalmente arrasadas. Woodwell, que pesquisa mudanças climáticas, diz que os agricultores querem cerca de US $ 20 a US $ 40 por acre por ano para cobrir a renda perdida por não cultivar. Ele diz que um mercado global de carbono em funcionamento ajudaria o projeto a se expandir pela região.
“Em última análise, os agricultores são empresários que tomam decisões sobre os resultados financeiros”, disse Glenn Bush, economista ambiental da Woodwell. “Eles têm contas a pagar e empréstimos para pagar ao banco.” Alguns especialistas em comércio de carbono dizem que os agricultores de um lugar como o Mato Grosso não deveriam fazer parte de um programa que os paga para preservar a floresta, já que a lei os proíbe de destruir grande parte da cobertura vegetal. Mas Susana Vélez Haller, gerente para a América Latina da Verra, uma organização sem fins lucrativos de Washington, D.C., especializada em compensações de preservação florestal, disse que os países em desenvolvimento não têm os mesmos recursos que os ricos para conter a extração ilegal de madeira”, informa o jornal.
Os jornalistas Paulo Trevisani e Juan Forero também entrevistaram o agricultor Invaldo Weis, ex-presidente da Acrinorte (Associação dos Criadores do Norte de Mato Grosso) e o presidente do Sindicato Rural de Sinop, Ilson Redivo, sobre o tema.
Além de palestras para líderes internacionais, Mauro Mendes também detalhou, ao príncipe Charles, as medidas de proteção ambiental feitas por seu governo.