Principal mote da campanha eleitoral de 2012 dos candidatos que disputavam as prefeituras em partidos da base aliada ao governo de Mato Grosso contra adversários de oposição, o discurso de alinhamento ganhou força, principalmente na disputa pelo segundo turno da Prefeitura de Cuiabá, entre o eleito Mauro Mendes (PSB) e Lúdio Cabral (PT).
Cerca de um ano depois do pleito, a presidente Dilma Rousseff (PT) escolheu justamente Rondonópolis, do prefeito Percival Muniz (PPS), aliado de Mendes, para sua primeira visita oficial a Mato Grosso. Fosse questão de coincidência, a petista retornou ao Estado neste início de ano e teve como destino outro município governado por um dos representantes do grupo Mato Grosso Muito Mais, Lucas do Rio Verde, sob Otaviano Pivetta (PDT).
Apesar de, nacionalmente, na época do pleito, o PSB do prefeito da capital pertencer à base aliada de Dilma, o argumento do alinhamento com os governos estadual e federal foi um grande entrave na sua campanha. Já o pré-candidato ao governo pela oposição, o senador Pedro Taques (PDT), não deve enfrentar a mesma dificuldade. Isso porque após as visitas de Dilma nos municípios comandados por seus aliados, Mendes avalia que o discurso do alinhamento foi meramente eleitoreiro.
“A própria presidente já demonstrou e detonou essa tese do alinhamento. Ela disse claramente que administra o Brasil para todos, independentemente de cor partidária, o que vale é eficiência e competência”, ressaltou.
Lúdio, contudo, explica que a visita da presidente a esses municípios demonstra que o governo federal e o PT têm compromisso com o povo, mas explica que há uma diferença entre alinhamento político e sintonia político-programática que poderia fazer com que a capital, por exemplo, avançasse mais rapidamente.
“É a sintonia programática que permite um ritmo mais acelerado para que as políticas públicas aconteçam. Quanto mais sintonia, melhor”, destacou o petista.
Ele demonstra ainda não ter identificado que Cuiabá esteja nesse caminho. “Espero que o município se esforce para buscar essa sintonia. Não evidenciamos nada além de ‘mais do mesmo’ na gestão municipal, embora todas as portas do governo federal estejam abertas”, completou.
Mendes rebateu dizendo que seu ex-adversário estava desinformado. De acordo com o prefeito, somente no primeiro ano de sua gestão, conseguiu arregimentar muitos recursos do governo federal como resultado do trabalho desenvolvido. “É assim que deve ser, qualquer pessoa que assuma um cargo executivo deve trabalhar por todos”.
Otaviano Pivetta, que recepcionou Dilma na última terça-feira (11), também acredita que não há que se falar em alinhamento. Ele também enfrentou o discurso em sua eleição para a prefeitura, quando disputou o cargo contra o empresário Rogério Ferrarin (PMDB).
O pedetista ressalta que o governo federal democratizou a aprovação de projetos para beneficiar todos os municípios conforme sua capacidade técnica. “Agora a gente não precisa ir de pires
na mão até Brasília para conseguir recursos, daqui mesmo encaminhamos o projeto via internet e acompanhamos sua tramitação”.
Já seu irmão, o prefeito de Nova Mutum, Adriano Pivetta (PDT) admite que, na política, o alinhamento precisa existir. “Tem partidos que são da base aliada ao governo e outros não, mas o importante é conseguir beneficiar os municípios e não as siglas e os candidatos em si. Sabemos que se aproximam as eleições e cada um vai decidir, daqui a pouco, que rumo vai tomar”, avaliou.