O vice-prefeito José Jaconias (PT) assumiu o comando da prefeitura de Tangará da Serra. Ele garante que mudará secretários municipais provavelmente a partir de hoje. O prefeito Júlio Ladeia (PR) foi afastado por 90 dias pela Câmara de Vereadores na segunda-feira (16) para que seja investigada denúncia de improbidade administrativa, mas promete recorrer.
Jaconias assumiu a prefeitura no final da tarde de ontem após ser notificado pela Câmara sobre o afastamento de Ladeia, que, no mesmo momento, estava em Cuiabá consultando advogados para recorrer ainda hoje à Justiça na tentativa de reverter a situação. Ele deve apresentar um mandado de segurança alegando irregularidades na decisão dos vereadores. O afastamento de 90 dias pode ser prorrogado por igual período.
O prefeito em exercício manteve várias reuniões com partidos aliados e assessores até a noite de ontem para decidir as primeiras medidas. Ele deve criar um conselho político para compartilhar as decisões e ampliar o arco de alianças, principalmente diante da possibilidade de disputar a reeleição no ano que vem.
"Vamos decidir ainda o que fazer nas próximas horas, mas o que é certo é que vamos fazer uma gestão compartilhada com partidos, servidores e sociedade civil organizada de um modo geral. Também queremos imprimir um jeito próprio de administrar", afirmou Jaconias, que já assumiu a prefeitura no ano passado com o afastamento de Ladeia por determinação judicial.
O afastamento é só mais um episódio da conturbada história política de Tangará, que, desde o final dos anos 90, protagoniza sucessivas denúncias. Vereadores foram acusados de matar um colega parlamentar. O ex-prefeito Jaime Muraro (DEM) foi afastado e reconduzido ao cargo várias vezes pela Justiça, depois de sucessivas acusações.
No caso de Ladeia, ele responde a vários processos e nesse segundo mandato também foi acionado por 3 comissões de investigação na Câmara. Passou a responder no ano passado a um processo por suposto envolvimento com fraude em licitações para beneficiar o instituto Idheas, que recebeu mais de R$ 6 milhões para realizar serviços de diversas naturezas na área da saúde e de forma irregular. No mesmo processo, foi acionado o vice José Jaconias, que também nega qualquer participação no caso, porém, corre risco de perder o mandato e os direitos políticos por causa do episódio que ficou conhecido na operação Hygeia.
Ladeia foi afastado depois de denúncia de fraude em convênios do programa "Projovem Trabalhador" e também irregularidades na administração dos recursos do Fundo de Reequipamento do Corpo de Bombeiros. Esse é o segundo afastamento dele, que diz ser vítima de perseguição política dos adversários. Dos 10 vereadores da cidade, apenas 1 votou contra o afastamento do republicano que está em cadeira de rodas há mais de 1 ano depois de acidente em viagem oficial.