O empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin, sócio da Planam, empresa apontada pela Polícia Federal como chefe do esquema dos sanguessugas, afirmou ao Conselho de Ética da Câmara que o empresário Abel Pereira recebia 6,5% sobre todas as emendas que liberava no Ministério da Saúde.
Embora não trabalhasse na pasta, Abel tinha ligações com o ministro Barjas Negri, que ocupou o cargo no último ano do governo Fernando Henrique Cardoso.
Segundo Vedoin, “todas as emendas que Abel intermediava foram executadas”.
O sócio da Planan disse que não tem conhecimento se o empresário repassava para o ministro a propina que recebia em troca da execução das emendas.
“Sei que ele tinha relação com o ministro, mas não tenho conhecimento se ele repassava o dinheiro”, afirmou. Os deputados não questionaram Vedoin sobre quanto Abel teria recebido da quadrilha.
Em depoimento na tarde desta terça-feira, Barjas Negri negou qualquer envolvimento com a máfia das ambulâncias no período em que esteve no comando da pasta –de fevereiro a dezembro de 2002. Barjas também disse não ter nenhuma ligação com a família Vedoin –acusada de chefiar o esquema– e com o empresário Abel Pereira.
Vedoin inocentou quatro deputados apontados pela CPI dos Sanguessugas de envolvimento com a quadrilha: Pedro Henry (PP-MT), João Batista (PP-SP), Celcita Pinheiro (PFL-MT) e Erico Ribeiro (PP-RS). Vedoin negou que tivesse repassado “comissão” para estes parlamentares.
Ele também disse que não ofereceu para Abel nenhum dossiê contra o senador Aloizio Mercadante (PT-SP). Vedoin se recusou a falar sobre o assunto, pois disse que o tema do depoimento de hoje era outro. Abel afirmou à Polícia Federal há duas semanas que Vedoin teria oferecido a ele documentos contra Mercadante, então candidato ao governo do Estado de São Paulo.