Cúpula da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Sanguessugas tem indícios de que o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, um dos sócios da Planam, negocia com pelo menos oito parlamentares a retirada de seus nomes da lista de acusados de receber propina. Segundo dirigentes da CPI, a maioria desses parlamentares seria de Mato Grosso, onde fica a sede da Planam, empresa que funcionava como central de operações da máfia das sanguessugas. A comissão também tem informações de que esses oito parlamentares têm dívidas com o empresário.
Integrantes da CPI começaram a suspeitar de Vedoin depois que ele poupou os oito parlamentares no depoimento dado à CPI há uma semana, na sede da Polícia Federal, em Brasília. Antes, ao ser inquirido pela Justiça Federal de Mato Grosso, o empresário acusara esses congressistas de apresentar emendas ao Orçamento da União para a compra de ambulâncias superfaturadas. Entre os inocentados agora por Vedoin, estão os deputados Pedro Henry (PP-MT) e Tetê Bezerra (PMDB-MT). “Vejo isso como um tentativa de livrar alguns parlamentares. Mas se Vedoin está negociando para livrar parlamentares, não vou admitir isso. Ele vai perder todos os benefícios da delação premiada e voltar para a cadeia”, ameaçou o presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ).
Outro integrante da CPI, o deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), completou: “Na nossa visão, Vedoin está querendo proteger os deputados de Mato Grosso. É claro que ele estava querendo fazer uma caixinha.”
Levantamento feito por um dos sub-relatores da comissão, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), detectou 13 pontos de divergências entre os depoimentos de Vedoin à Justiça Federal e à CPI dos Sanguessugas. Desses 13 pontos, oito referem-se a inocentar parlamentares envolvidos com a máfia das ambulâncias.
Pela manhã, o empresário reuniu-se com a cúpula da CPI dos Sanguessugas para entregar novas provas contra cinco parlamentares envolvidos com a máfia das ambulâncias. “São comprovantes de depósito bancários que confirmam o testemunho verbal dado por ele (Vedoin)”, explicou Biscaia. O vice-presidente Jungmann disse que os documentos apresentados por Vedoin comprovam o repasse de recursos para cinco parlamentares contra os quais a comissão tinha apenas indícios de participação em fraudes na compra de ambulâncias.