O atual prefeito de Várzea Grande, Murilo Domingos, anunciará nas próximas semanas que abandonará o projeto da reeleição. Desgastado e enfrentando dura oposição na cidade, ele deverá entregar a incumbência de defender a administração municipal ao ex-vereador Benedito Gonçalo de Figueiredo, o Dito Loro, que, na atual gestão, ocupa o cargo de presidente do Departamento de Água e Esgoto da cidade, o DAE. Loro, inclusive, já teria anunciado que deverá deixar o cargo e está estruturando seu retorno as lides eleitorais. Inicialmente, falou-se que ele seria o vice de Murilo.
Loro, inclusive, já teria feito diversas consultas a aliados políticos sobre a possibilidade de sair candidato a prefeito, com o apoio de Murilo Domingos. O que significa, em outras palavras, reafirmar os propósitos da aliança entre o Partido da República do governador Blairo Maggi com o PSDB, sigla que abriga Thelma de Oliveira, viúva de Dante de Oliveira. Da maioria, ouviu que as possibilidades eleitorais são pequenas, em função da forte ação política de Júlio Campos, que vem “arrebatando” apoios independente da escolha interna dos democratas.
Contudo, como em política se planta para colher, Dito Loro segue a cartilha. A princípio, suas expectativas eleitorais são para 2010. Raciocínio simples: se Maksuês Leite, empresário de comunicação na cidade, foi candidato a prefeito contra Murilo Domingos e Wallace Guimarães, e acabou consolidando uma boa base política para chegar a Assembléia Legislativa, ele, Loro, contra Júlio Campos e mais um nome a ser lançado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e aliados, conforme leitura de momento, também pode seguir o mesmo caminho e “alçar” vôo no plano estadual. Em suma: não tem nada a perder.
As consultas de Loro são, fundamentalmente, a revelação mais valiosa sobre os pensamentos taciturnos de Murilo Domingos. Até aqui, o prefeito de Várzea Grande só vem admitindo que é naturalmente pré-candidato.Reconhece as dificuldades e o desgaste eloqüente de sua gestão. Obras e serviços têm sido ineficientes para mudar a imagem de uma administração que custou muito a dar qualquer tipo de resposta a sociedade de Várzea Grande. Nem o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), livrado de embargo jurídico por força de ação de advogados perante aos tribunais superiores, causa grandes entusiasmos eleitorais.
Um exemplo da fraqueza administrativa de Murilo é medida em Várzea Grande pelo tempo que ele levou para restaurar o prédio do Paço Municipal “Couto Magalhães”. Foram três anos de casa alugada e uma Prefeitura espalhada em vários pontos da cidade porque Murilo não conseguia concluir as obras do edifício público.
Um ex-presidente do DAE como candidato a prefeito da cidade poderia, na avaliação de especialistas do intricado jogo político de Várzea Grande, poderia causar algum efeito. “O DAE tem algumas boas bandeiras que podem ajudar a mudar essa situação, mas não na voz de Murilo” – avaliou. Por exemplo: o município leva água tratada a cerca de 95% da população, onde a maior parte da cidade é servida por meio de poços artesianos, com alto custo de manutenção e energia.
Em Várzea Grande, no entanto, o processo político corre mais rápido que no restante do país. Boa parte das intenções de Dito Loro pode estar residindo na figura do deputado Wallace Guimarães, cuja pré-candidatura a prefeito vem sendo “bombardeada” internamente dentro do DEM. Nas próximas horas, os democratas deverão confirmar Campos como nome oficial da sigla. Ou seja: a posição a ser adotada por Wallace pode se constituir na senha para o desfecho do processo eleitoral.