A direção do campus universitário de Sinop, da Universidade Federal de Mato Grosso, divulgou nota apontando que os posicionamentos e opiniões, com ataques contra pioneiros e agricultores feitos semana passada, pela professora Lélica Elis Pereira de Lacerda, “não se estendem e nem representam qualquer orientação ou posicionamento da UMFT/Sinop, nem mesmo da grande maioria de seus servidores, sejam estes docentes ou técnicos administrativos”. As críticas foram proferidas por Lélica, em audiência pública, na câmara de vereadores.
A nota ainda reconhece a importância dos pioneiros de Sinop, que “mobilizaram-se e, em 19 de fevereiro de 1981, por intermédio do colonizador Sr. Ênio Pipino, formalizaram, junto à Reitoria da UFMT/Cuiabá, a solicitação de implantação da unidade, hoje chamada de Campus Universitário de Sinop”. Para a direção, desde então, “entes públicos e privados nunca pouparam esforços para o efetivo funcionamento desta instituição de ensino, recebendo seus servidores, muitos destes oriundos de outras localidades, sempre de braços abertos”.
Em outro trecho, a direção esclareceu que a professora é lotada “no departamento de Serviço Social do Campus de Cuiabá (Sede da UFMT) e, portanto, não foi oficialmente e tampouco extraoficialmente indicada pela gestão deste Campus Universitário para debater a PEC 32/2020 ou qualquer outro assunto”, apontou.
Foi ponderado que o campus defende o debate técnico-científico, sadio e respeitoso, mas manifesta-se contrário “à qualquer forma de discriminação ou sectarismo”. “O compromisso estatutário da Universidade Federal de Mato Grosso com a democracia social, econômica, política e social, bem como sua missão em formar e qualificar profissionais nas diferentes áreas, produzir conhecimentos e inovações tecnológicas e científicas que contribuam significativamente para o desenvolvimento regional e nacional, não são negociáveis e sempre serão os guias no relacionamento deste campus com toda a sociedade, independentemente de religião, raça, sexo ou condição socioeconômica”, completa.
Este mês, o campus de Sinop completa 15 anos, com cerca de 3,3 mil alunos, 11 cursos um programa de residência uniprofissional em Medicina Veterinária, cinco programas de pós-graduação em Stricto Sensu em nível de Mestrado e um programa de pós-graduação Lato Sensu (Especialização), distribuídos nas áreas das Ciências da Saúde, Educação (Licenciaturas) e Ciências Agrárias e Ambientais. Cerca de 10,2 mil estudantes já concluíram a graduação no campus Sinop.
A nota foi assinada pelo pró-reitor do campus de Sinop, professor doutor Fábio José Lourenço, diretor do Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais da UFMT, professor doutor Carlos César Breda, diretora do Instituto de Ciências Naturais, Humanas e Sociais UFMT, professora doutora Larissa Cavalheiro da Silva, e diretor do Instituto de Ciências da Saúde da UFMT, professor doutor Elton Brito Ribeiro.
Em sua fala na audiência, a professora afirmou que “nunca tinha vindo pra Sinop e, no caminho pra cá, fiquei bastante desconcertada de ver como os homens brancos conseguem ser absolutamente incompetentes e não ter autocrítica nenhuma sobre eles, né. Eles constituíram um modo de produção que está acabando com a humanidade, nós estamos numa crise econômica, numa crise política, numa crise ética, numa crise estética, numa crise ambiental, numa crise sanitária”.
Conforme Só Notícias já informou, na segunda-feira, a câmara municipal de Sinop, o Sindicato Rural de Sinop e Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte (Sindusmad) divulgaram moção de repúdio as declarações da professora Lélica. Por outro lado, políticos e associações divulgaram manifesto defendendo Lélica ponderado que a fala da professora deixou ‘grupos sociais’, “nus na sua estupidez”.