Mais de sete anos depois da operação “Cartas Marcadas” que revelou o esquema de fraudes nas cartas de crédito no Estado, o ex-deputado Gilmar Fabris (PSD) se tornou réu e responderá pelos crimes de peculato, apropriação indébita, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. A denúncia foi recebida pela maioria dos votos dos desembargadores do Pleno do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ) na tarde de quinta-feira.
O caso tramita na instância superior do TJ desde abril de 2016 e foi interrompido na época da delação de Silval Barbosa, pois poderiam haver informações que se ligassem ao caso.
Na sessão de 14 de fevereiro, o desembargador Orlando Perri pediu vistas, apresentando nesta quinta um novo relatório, diferente do documento apresentado pelo relator do processo, Pedro Sakamoto.
Enquanto Sakamoto votou pela rejeição da denúncia, Perri pediu o recebimento, mas retirando do caso os procuradores Dilmar Portilho Meira, Gerson Valério Pouso e Jenz Prochnow Junior, pois não teria sido comprovada a participação deles no esquema.
Segundo o relatório de Perri, “toda a estratégia foi minuciosamente pensada pelos acusados” e que Gilmar Fabris teria “recebi sim e comercializado esses valores” que constavam nas cartas de crédito.
Um dos desembargadores que acompanhou o voto de Perri, Gilberto Giraldelli afirmou que o “desvio de valores exorbitantes não pode deixar de merecer uma investigação mais a fundo”, além de classificar o caso como “escandaloso”.
Segundo as investigações, o grupo falsificava papéis de créditos públicos e os inseria em lotes de cartas de crédito que foram pagos pela Secretaria de Estado de Fazenda. O desvio teria chegado a R$ 418 milhões, durante os anos de 2008 e 2010 e contou com a participação de dirigentes do Sindicato dos Agentes de Administração Fazendária.