O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) deverá julgar, hoje, durante sessão ordinária, ação de investigação judicial eleitoral interposta pela coligação Senador Jonas Pinheiro contra o governador Silval Barbosa (PMDB), por abuso de poder político e econômico. O processo traz à tona o "escândalo dos maquinários", episódio que atingiu a imagem do governo Blairo Maggi com reflexos negativos para a atual administração, com denúncias ainda sob investigação de superfaturamento da ordem aproximada de R$ 44 milhões. Então candidato ao governo, o ex-prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB), acusa Silval e Maggi além de outros integrantes da chapa majoritária de terem utilizado a distribuição de equipamentos às prefeituras com objetivo de melhorar a performance eleitoral.
Vice-presidente e Corregedor Eleitoral, desembargador Gerson Ferreira Paes, é o relator do processo. A legislação eleitoral prevê punição que vai de multa à cassação de mandato. Mas Wilson Santos também está na mira do Pleno, onde ele se torna o alvo da coligação Mato Grosso em Primeiro Lugar, no período liderada por Silval. Na pauta está previsto julgamento de ação impetrada pelo grupo político do governador contra o tucano, que também é acusado de utilização da máquina pública com clara intenção de obter favorecimento eleitoral.
Advogado da coligação e do governador Silval Barbosa, Francisco Faiad, fará defesa junto ao TRE. Disse que está confiante e tranquilo sobre o julgamento levando em consideração documentos que comprovariam a lisura dos procedimentos. A tese é de que o contrato realizado entre o governo do Estado e instituições financiadoras ocorreu em 2009, para aquisição do lote de 705 máquinas e caminhões a serem repassados às 141 prefeituras em regime de comodato. Faiad destaca que a distribuição foi realizada no início de 2010 para alimentar parque viário dos municípios "atendendo contrato de 2009". Ele aproveitará a oportunidade para cutucar Wilson, ao lembrar que "Cuiabá foi a cidade que mais recebeu ajuda do governo, com maior número de máquinas destinadas ao município".
À época das denúncias de irregularidades, até hoje não confirmadas, Maggi determinou investigação. Mas o envolvimento de nomes de secretários de primeiro escalão gerou a queda dos gestores de pastas como a de Infraestrutura e de Administração, Vilceu Marchetti e Geraldo de Vitto, ambos ligados ao PR. O episódio gerou saldo negativo nas eleições de 2010, se tornando um dos principais pontos de apoio de adversários para questionar Silval. Wilson Santos acusou o bloco político do governador de utilizar recursos provenientes do suposto superfaturamento para uso em campanha. O empresário Mauro Mendes (PSB), que também liderou corrida ao governo, fez duras críticas sobre posição do Estado em relação ao caso.