A usina termoelétrica Mário Covas vai funcionar em carga plena. A garantia foi dada pelo governador Silval Barbosa em entrevista coletiva nesta sexta-feira, no Palácio Paiaguás. Os trâmites burocráticos bolivianos, contudo, não deixam fixar um prazo para o reinício desse funcionamento. Silval Barbosa espera que antes da virada do ano os documentos que faltam para fechar o acordo já possam estar assinados. Essa expectativa positiva é resultado do anúncio do ministro de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, após reunião realizada na última quinta-feira (21.10), na sede da estatal boliviana Yacimento Petrolíferos Fiscales (YPFB), em Santa Cruz de La Sierra (BO).
A partir da recusa da Bolívia em vender o gás para a empresa Pantanal Energia, que impossibilitou o seu funcionamento, a solução que se chegou – segundo o governador – para a retomada das atividades da termoelétrica de Cuiabá foi um acordo que envolve a própria Petrobrás, que vai arrendar e gerir a usina, inicialmente pelo prazo de dois anos.
A engenharia aceita pela empresa YPFB, consiste em – dentro da cota de gás da Petrobrás que é 30,8 milhões de m³/dia de gás natural, que são transportados por Corumbá (MS) – entregar 2,2 milhões de m³/dia para Cuiabá em San Matias para ser transportado pelo gasoduto. O governador Silval Barbosa, na coletiva, explicou que o transporte apenas do gás para a MT-Gás, 1,5 m³/mês, inviabiliza economicamente o gasoduto, que tem uma capacidade de 7,3 milhões de m³/dia.
Com a usina termoelétrica Mário Covas, cuja carga plena é de 480 MW, quase três vezes a Usina de Manso, Mato Grosso – destaca o governador Silval Barbosa – vai garantir estabilidade e uma energia limpa que vai poder atrair as mais diversas indústrias.
"A estabilidade é um fator importante para atrair novos investimentos". O Estado, segundo o governador, vai poder continuar com sua política de atração de novos investimentos, por meio de incentivos fiscais. "Isso vem ao encontro da nossa política em não deixar sair os produtos in natura. Precisamos agregar valores aos nossos produtos, mas para isso precisamos de uma matriz energética segura ".
Nessa busca de novos investimentos – para gerar mais emprego e mais renda – o próximo passo do Governo é buscar a instalação de uma indústria de fertilizantes a partir do gás. A curto prazo vai se poder garantir o fornecimento de energia para as empresas de calcário, que no horário de pico tem que ligar os motores à diesel para manter a produção. Através do gás, Mato Grosso poderá, por exemplo, atrair empresas da indústria cerâmica que só pode usar energia a partir do gás.
A demora para fechar o acordo, segundo o governador Silval Barbosa, deve-se a burocracia boliviana. Ele cita que para cada um contrato nosso, a Bolívia tem 11. "Nós temos que respeitar isso". Independente do tempo, a solução já está garantida e "Mato Grosso estará buscando uma nova economia".