Entrevistada no programa “Chamada Geral”, do ex-deputado federal Lino Rossi, na rádio Cuiabana FM, a primeira dama do Estado e secretária estadual de Trabalho, Emprego, Cidadania e Assistência Social Terezinha Maggi criticou a administração Wilson Santos (PSDB) na prefeitura de Cuiabá, chamou o prefeito eleito de Rondonópolis, José Carlos de Pátio (PMDB) de “doido” e “desequilibrado” e afirmou que quer ver seu marido, o governador Blairo Maggi, ficando no governo até o último dia de seu mandato, sem disputar nenhum outro cargo político.
Com a língua bastante afiada e mostrando um temperamento forte, que diz o que pensa, a primeira dama não poupou críticas ao prefeito de Cuiabá Wilson Santos, a quem agora chama apenas de “cidadão”. Segundo Terezinha Maggi, o prefeito se elegeu assumindo uma falsa paternidade. “Ele falou para todo mundo que fez a Avenida das Torres. Quem fez foi o Estado. Cadê o Vilceu (Marcheti, secretário estadual de Infra-Estrutura)”, indagou, numa clara afirmação de que o secretário, durante a campanha eleitoral deveria ter mostrado que a obra foi custeada em grande parte pelo governo do Estado.
Se dirigindo ao prefeito Wilson Santos como “cidadão”, a primeira dama disse que o prefeito pouco fez por Cuiabá. Segundo ela, o setor social foi relegado na atual administração. “Eu reconheço meu erro e peço perdão ao povo. Eu trabalhei para a eleição deste “cidadão”. Mas ele nada fez pelo povo, principalmente da periferia. Fiquei assustada em saber que as pessoas dos bairros mais distantes não sabiam que tinham direito a vários programas sociais. Cuiabá foi o único município que não tinha estas informações”, disse, lembrando que Cuiabá, por culpa do atual gestor não conta com o programa de Microcrédito, que repassa R$ 1 mil sem juros, carência de três meses e pagamento em 12 parcelas. “É um programa fundamental para as pessoas mais necessitadas e que planejam entrar no mercado de trabalho”, avaliou. “Em Nova Brasilândia dez mulheres fizeram empréstimos e montaram uma fabrica de bolsas que vendem para todas as partes do país. Outra criou fabrica de macarrão caseiro, tem mais de 40 funcionários. Isso é resgate social, fazer justiça social.”
Com relação aos programas sociais em Cuiabá, Terezinha Maggi disse que a prefeitura pouco faz. E por pouco fazer é obrigada a devolver os recursos que chegam via governo Federal. “Falta participação mais efetiva daquele “cidadão”. O povo tem de ver. Vou fazer reunião extraordinária para mostrar que o povo não conhece o que tem de direito. É preciso mudar a cara do “cidadão” que perdeu a auto-estima ontem”, atacou..
“O governo federal mandou para Cuiabá, R$ 900 mil para fazer o Sine Municipal. A prefeitura levou um ano para fazer, e foi obrigada a devolver R$ 600 mil. houve incompetência da administração. Perdeu, foi devolvido em setembro. Eram R$ 300 mil para capacitação das pessoas. É revoltante. Nós, no estado recebemos a mesma soma, gastamos até o último centavo na capacitação. Não teve planejamento, se perdeu este dinheiro para qualificação e colocação de mão de obra”. “Por isso não votei mais no “cidadão”. “Ele precisa explicar direito porque não realizou programas de capacitação das pessoas, que estão ai desempregadas, que precisam de um emprego, uma colocação profissional”, disse.
A primeira-dama lembrou ainda que quando assumiu o governo deparou com uma fraude montada pelo ex-governador Dante de Oliveira. Segundo ela, o governo anterior disse ter gasto R$ 42 milhões com a qualificação de cinco mil pessoas. “Ao entrar na minha secretaria deparei com cinco mil certificados. Não conseguimos achar uma única pessoa que realmente tivesse participado do Programa Qualificar. Entreguei todos os certificados ao Ministério Público Federal. Estão lá. Esperei prestação de contas, mandei o oficial até para o TCE. Não sei onde está, espero resposta até hoje do Programa Qualificar – cinco mil certificados – não encontrei uma única pessoa que tivesse este certificado”, acusou.
Dizendo que Cuiabá não aplica direito os recursos estaduais e federais, Terezinha Maggi lembrou que o Bolsa Família na capital vem sendo alvo de constantes críticas e inspeções do governo Lula. Segundo ela, a prefeitura chegou a cadastrar 18 mil pessoas no programa e destas cinco mil, que realmente precisavam dos recursos ficaram de fora do programa. “Prefeitura não ajuda. Só promete, mas não faz. Mente para o povo. Fiquei assustada com pessoas cobram Bolsa Família, melhor programa do Governo Federal. As coisas não são verdadeiras. Governo federal mandou dinheiro para Cuiabá. Para cadastral, eram 18 mil pessoas, mas a prefeitura não fez a coisa certa e cinco mil famílias ficaram de fora.. Crianças choram de fome, bolsa é para comprar material escolar, botijão de gás e alimento. Elas passam fome, no Três Barras, Primeiro de Março e outros bairros. Se não fosse a ação do Estado, estariam passando fome até agora. Este “cidadão” não se importou com estas pessoas. Nós tivemos de interceder junto ao Patrus Ananias. Foi feito novo cadastra. Agora são 18 mil famílias assistidas em Cuiabá”, ponderou.
Se dizendo arrependida por ter ajudado na eleição de Wilson Santos, em seu primeiro mandato, Terezinha Maggi, afirmou que será uma dura adversária e que a partir de agora vai percorrer os bairros de Cuiabá para mostrar quem realmente é o prefeito. “Agora vou buscar a sociedade para mostrar quem ele é e como funciona a prefeitura. Vou mostrar que só não fiz mais casa para pessoas em Cuiabá porque não tive parceria no município. Fizemos aqui 7 mil casas, com terrenos do governo. Poderia ter feito 20 a 30 mil. Só bastava o prefeito dar terreno com infra-estrutura, asfalto, água e luz, é preciso inclusão social. 45 mil casas tiveram apoio das prefeituras. Temos o cadastro das pessoas que moram em todas estas casas. O resgate social foi feito.”
A primeira dama afirmou que não tem pretensão política e que vai acompanhar seu marido, Blairo Maggi. “Onde o Blairo estiver, estarei com ele, trabalhando, só sei trabalhar, não tenho pretensão política”
Com relação a eleição do deputado José Carlos do Pátio (PMDB) em Rondonópolis, a primeira-dama não poupou críticas e disse ter medo pela população daquela cidade. Afirmou a vitória de Pátio foi graças ao jogo sujo da compra de votos. “Ali foi compra de votos. Quem não viu?. Eu não tenho dúvidas!. Eu vi o que todo mundo viu. Me assustei. Se a polícia trabalhar será feito justiça, será comprovado que houve compra de votos”, assegurou
A primeira-dama aproveitou ainda para afirmar seu temor no novo prefeito de Rondonópolis. “Este. Pátio precisa ter aula de administração. Ele é “muito doido”, “um cara desequilibrado”. Quando ia em minha secretaria o povo se arrepiava todo. Aquele “cidadão” batia na mesa, é doido, tenho dó do nosso povo, mas se ele escolheu vou fazer o quê. Tenho medo”, completou.
Terezinha Maggi encerrou sua participação no programa afirmando que deseja que seu marido, o governador Blairo Maggi conclua seu mandato de governador. Ela não vê com bons olhos a possibilidade do governador disputar um cargo eletivo em 2010. “Quero que Blairo faça o dever de casa. É minha opinião”, disse, lembrando, entretanto, que não é o momento para se definir nada, uma vez que existem projetos em Brasília para que haja apenas uma eleição no Brasil, esticando em pelo menos mais um ano os mandatos dos governadores e do presidente. “Não é o momento ainda para se definir, pois, temos de aguardar como vai ficar esta situação, mas acho que tem de concluir o que está fazendo”, explicou.
Terezinha Maggi aproveitou para elogiar o trabalho do vice-governador Silva Barbosa (PMDB) “Acho o Silval é uma pessoa maravilhosa, governa junto com Blairo. Confio nele, tem visão política, de trabalho. Sintonia bonita com Blairo. É isso que importa. Ele vai entender e espero que Blairo fique até o último dia. Admiro este PMDB de Silval, estamos com ele até o final. Não gosto do PMDB de. Bezerra. A administração dele é igual do PSDB. Não consigo aplaudir”, concluiu.