A possibilidade de um acordo entre as duas alas que disputam o comando do PMDB ficará ainda mais remota ao final desta quinta-feira, prazo final para o registro das chapas que concorrerão ao diretório na convenção nacional do dia 11.
O presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), anunciou no final da manhã que sua chapa estava pronta para a disputa contra o ex-ministro Nelson Jobim (RS). Temer conseguiu a adesão do deputado Eunício Oliveira, que controla a maior parte dos votos do Ceará, sexto colégio eleitoral do partido.
“Estou pronto para a disputa e para receber muitos votos. Prefiro um entendimento mas não posso abrir mão de presidir o PMDB por mais um período”, afirmou Temer, que está há cinco anos no cargo.
O presidente do Senado e maior adversário de Temer no partido, Renan Calheiros (AL), coordena a montagem da chapa de Jobim, que deve ser apresentada até o fim da tarde. Temer não conseguiu incluir nenhum peemedebista de Alagoas em sua chapa. “Oferecemos um entendimento para evitar a disputa na convenção, que sempre deixa sequelas, mas tudo indica que teremos mesmo de bater chapa e mostrar quem tem maioria para unir o partido”, disse Renan.
A disputa entre Temer e Jobim definirá o interlocutor do PMDB com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vai influir na reforma ministerial.
Jobim esteve duas vezes com Lula, imediatamente antes e logo depois do Carnaval, o que seria um indicador da preferência do presidente pelo ex-ministro do Supremo Tribunal Federal.
“O presidente tem reiterado que não vai interferir na disputa interna do PMDB. Talvez estejam usando o nome dele indevidamente”, disse Temer
Temer reivindica dois Ministérios para a bancada do PMDB na Câmara, sua base mais forte. O grupo de Renan já ocupa os ministérios de Minas e Energia e Comunicações.
O grupo de Temer teve de desistir da indicação de deputado para ocupar o Ministério da Saúde. Lula guardou a vaga para o ex-presidente do Instituto nacional do Câncer (Inca), José Gomes Temporão, apoiado pelo governador do Rio, Sérgio Cabral.
A convenção do PMDB é composta por 564 delegados (deputados, senadores, membros do diretório nacional e do conselho político). Como alguns exercem mais de uma função, o total de votos é de 782, segundo a direção do partido.
Nos maiores colégios eleitorais, Temer conta com a maioria no Rio (77 votos), Minas (66), Ceará (50) e São Paulo (43). Jobim é o favorito no Paraná (65), Rio Grande do Sul (51), Pará (51) e Santa Catarina (49).
A convenção elegerá 119 membros do diretório nacional, mais 50 suplentes, 20 membros do conselho de ética e cinco do conselho fiscal. A composição final do diretório é proporcional ao número de votos recebido por cada chapa.
O novo diretório elegerá o presidente e a comissão executiva do partido para os próximos três anos.