Na tentativa de segurar a base aliada, o presidente em exercício Michel Temer está se vendo obrigado a preencher alguns cargos de segundo e terceiro escalões, o que só esperava fazer após a aprovação do projeto de lei que restringe as nomeações políticas nas estatais. É o caso da Conab, Companhia Brasileira de Alimentação, que deverá ser liberada já na semana que vem para o PTB.
Como esta, outras indicações devem ser publicadas no Diário Oficial para tentar acalmar a base aliada no momento em que a Operação Lava Jato avança sobre o Palácio do Planalto e gera instabilidade política no Congresso. Irritados com a demora nas nomeações no segundo e terceiro escalões, deputados e senadores da base aliada prometem dificultar as votações na Câmara para pressionar o governo Temer a agilizar essas indicações.
Temer tem se empenhado no atendimento não só aos líderes, mas individualmente aos parlamentares que apoiam o governo, em um gesto para tentar compensar esta insatisfação. No entanto, a demora na votação do PL das estatais no Senado atrapalha seus planos porque, a cada dia que passa, a pressão aumenta. Uma pequena rebelião, contudo, já está sendo desenhada. Deputados prometem começar a atrapalhar as votações já na próxima semana, quando está prevista a análise de duas matérias econômicas importantes: a medida provisória que amplia de 20% para 49% a participação de empresas estrangeiras no capital companhias aéreas brasileiras e lei que altera as regras de administração dos fundos de pensão.
A votação das propostas está prevista para segunda e terça-feira. No resto da semana não haverá sessões, por conta do acordo para as tradicionais folgas para festas juninas. Para esta primeira semana, a estratégia dos parlamentares insatisfeitos é faltar nos dias previstos de votação, para que não haja quórum suficiente. A principal reclamação do atraso nas nomeações vem de deputados do Centrão grupo de cerca de 220 parlamentares de 13 partidos liderados por PP, PSD, PR e PTB e principal base de sustentação de Temer na Casa. “Desde a semana passada já há deputados esticando a corda, não querendo votar as matérias para pressionar o governo a nomear”, conta um parlamentar do PP. Segundo ele, a base está “a ponto de explodir”, pois tem sido bastante cobrada por seus aliados locais sobre as nomeações.