O governador Pedro Taques recebeu, esta manhã, mais de 30 representantes da indústria, comércio, serviços, agricultura e pecuária de Mato Grosso para debater a pauta de reivindicações contra o aumento de impostos. As categorias estão preocupadas com a possibilidade de aumentos de impostos por parte da União, a elevação da taxa de desemprego, além da possibilidade do Estado também ter que aumentar as taxas e ainda fazer novos cortes nos incentivos fiscais.
Diante do debate a respeito do pagamento do Reajuste Geral Anual (RGA) aos servidores públicos, os segmentos demonstram preocupação com o cenário nacional e os reflexos da crise econômica em Mato Grosso. A principal cobrança é para solucionar o atual impasse entre o Executivo e os servidores, sem que haja comprometimento da capacidade de investimentos, principalmente em infraestrutura.
Atualmente, as entidades movimentam mais de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) de Mato Grosso, considerando a representatividade do agronegócio e o setor de serviços. O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de medir a atividade econômica de uma região. Ele representa a soma dos valores adicionados pelos setores da economia mais os impostos pagos.
O principal temor seria um eventual atraso salarial que ocasionaria nova redução no faturamento do mercado e o “efeito cascata” na diminuição dos postos de trabalho. Os líderes dos segmentos querem que o Governo pague de RGA somente aquilo que não comprometa ainda mais as finanças públicas. Além disso, cobram que o impasse salarial com o funcionalismo não prejudique a capacidade de investimento em infraestrutura do Estado. No âmbito do Governo Federal, a visão predominante é de que não seja preciso aumentar impostos, seja a Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF) ou qualquer outro, para fechar as contas públicas.
O presidente do Sistema Fiemt, Jandir Millan, destacou o trabalho desenvolvido pelo Governo do Estado em conceder o pagamento do RGA aos servidores públicos no momento de crise que o País e Mato Grosso se encontram. “Tenho certeza que se eu pudesse dar a opção aos meus empregados, coisa que a Lei não permite, de reduzir os salários em 11,28% ao invés de ter que manda-los embora, todos aceitariam. Estou vendo os servidores não aceitando os 6%. Estamos preocupados com essa situação, pois seremos nós que pagaremos a conta. É muito melhor não quebrar o Estado a dar este aumento. Minha opinião é de retirar este projeto de aumento. É uma falta de consideração, por parte dos sindicatos, não aceitar os 6%”.
O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso (CDL), Paulo Gasparotto, também reforçou as dificuldades vivenciadas pelo setor comercial e reforçou os prejuízos que a greve já tem trazido ao setor. “O comércio depende do funcionalismo público, mas entendemos que não podemos deixar o Governo em uma situação extremamente delicada e comprometida. Achamos que o melhor saída foi buscar esta alternativa mediadora em relação ao RGA. A proposta de 6% é conveniente e acredito que os servidores deveriam entender essa situação de gravidade e fazer uma negociação que pudesse contemplar os interesses da população de Mato Grosso”.
O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Guilherme Maluf, reforçou o trabalho do Estado em dialogar com os servidores e, mesmo em crise, conceder o reajuste salarial. “A maioria dos deputados que aqui estão, são aqueles que entendem que o Governo está no caminho certo. Entendemos que servidor público é uma parte dos mais de três milhões de habitantes mato-grossenses, mas que essa seja a primeira de muitas reuniões para que possamos ouvir todos os segmentos empresariais do Estado. Entendemos a crise e que com reuniões como esta, para ouvir outros segmentos empresarias, é que vamos nos levantar contra a crise. Vamos apreciar de forma transparente o pagamento do RGA. A Casa tem que receber as manifestações. Alguns podem se sensibilizar com a pressão, mas a maioria dos deputados não se sensibilizou e vai fazer a coisa certa. Acredito que Mato Grosso é muito maior que a crise e que vamos superar isso que o país atravessa”.
O deputado estadual Oscar Bezerra reforçou o diálogo que o governador Pedro Taques tem tido com os servidores, a classe econômica e Assembleia Legislativa. “Nos governos anteriores, os setores produtivos não estavam sendo ouvidos e o trabalho desenvolvido agora pelo Governo tem trazido uma credibilidade muito maior. Voto pelo Governo, já votei na primeira vez e continuarei votando enquanto tiver o entendimento que o Estado não consegue pagar integralmente o RGA neste momento. Nossa responsabilidade, como deputado, é defender a máquina como um todo. Temos 3,3 milhões de habitantes que não são só servidores. Defendemos que os servidores precisam entender o que é possível receber agora”.