O governador Pedro Taques (PSDB) reclamou dos pré-julgamentos que tem sido feitos em relação ao caso das interceptações telefônicas clandestinas que ocorreram nos últimos anos. “A impressão, que está me causando espécie e estranheza, é que parece que tudo o que nós falamos não é verdade. O que os outros falam é verdade. Isso precisa ser debatido com imparcialidade”, afirmou em entrevista à Rádio Capital FM, na manhã desta terça-feira (18).
Pedro Taques estava se referindo às versões apresentadas por ele e por seu primo e advogado, o ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques, a quem defendeu e isentou da participação no esquema de “arapongagem”.
“O então secretário Paulo Taques me comunicou dizendo que existia uma pessoa que estaria mantendo relações com João Arcanjo Ribeiro. Eu pedi ao Mauro Zaque e ao [Fábio] Galindo que comparecessem ao meu gabinete. O Paulo a eles relatou e o doutor Mauro Zaque pediu pra procurar a doutora Alessandra [Saturnino – ex-adjunta de Segurança Pública], a delegada lá na Secretaria de Segurança. Ele procurou e contou o caso pra ela, relatou o governador, que afirmou ter tido conhecimento do suposto esquema entre o ex-bicheiro João Arcanjo e a publicitária Tatiane Sangalli, apontada com ex-amante de Paulo Taques, para que efetuassem um plano contra o governador.
“Agora, qual é a suspeita sobre o Paulo Taques? Ele vai pedir pra uma delegada fazer grampo? Quer dizer que se pedir pra uma delegada assaltar um banco, matar alguém, ela mataria? Ele cumpriu o papel constitucional dele, o papel de cidadão. Comunicou o fato e fez a denúncia na Secretaria de Segurança. A Secretaria de Segurança que toca a investigação. Agora, por que não se fala desse fato?!”, questionou Taques em defesa de seu advogado.
O chefe de Estado também voltou a defender coronéis que ocupavam altos cargos dentro de seu staff, como o coronel da Polícia Militar Evandro Lesco, preso sob acusação de emprestar dinheiro para o cabo Gerson Luiz Ferreira comprar o aparelho de interceptação utilizado em um escritório montado para a arapongagem.
“Eu acho que no Brasil nós estamos vivemos um momento em que m cidadão é investigado, ele já culpado. Um cidadão é processado, ele já é condenado. Nós temos que obedecer o contraditório, a ampla defesa, nós temos que dar ao cidadão esse direito constitucional. Eu tenho um decreto que diz: ficha-suja não poder ser secretário, não diz investigado, dependendo do caso”, argumentou negando a necessidade de afastar pessoas do cargo por conta da investigação.
Taques ainda desejou que o coronel Evandro Lesco saia logo da prisão, mas evitou falar se o nomearia de volta para a chefia da Casa Militar. “Aí nós vamos analisar. Não vou jantar antes de almoçar. Espero que ele saia logo da prisão, aí eu vou decidir”.