O governador Pedro Taques (PSDB) apresentou ao procurador-geral de Justiça, Mauro Curvo, um pedido de impedimento ou suspeição contra o promotor de Justiça, Mauro Zaque. Na solicitação, o tucano alega que depois que saiu do cargo de secretário de Estado de Segurança Pública, no final de 2015, Zaque passou a demonstrar “escancarada animosidade” contra ele. Taques lembra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), tomada em 2016, que proibiu membros do Ministério Público (MP) de ocuparem cargos no executivo, garantindo assim a independência do órgão ministerial.
Conforme consta no documento assinado pelo governador, neste caso, paira sobre Zaque, que chegou a ocupar um cargo na gestão estadual “impedimento de ordem constitucional, de natureza absoluta”. Além da decisão do STF, o governador utiliza uma declaração do próprio promotor, que em entrevista teria dito não se sentir confortável para conduzir um inquérito acerca das relações da Consignum com um integrante da atual gestão, por entender que isso o conduziria a uma certeira suspeição.“Enfim, subitamente, o promotor passou a se ‘sentir confortável’ em investigar atos do atual governo, embora ainda permaneça a causa objetiva de impedimento (ele participou do primeiro escalão do governo) e, agora, reforçada pela notória animosidade pública entre os dois”.
Zaque é o autor da denúncia encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a respeito da existência de uma central clandestina de interceptações telefônicas no âmbito da Polícia Militar. As informações repassadas pelo promotor foram transformadas em uma sindicância que está em andamento. Em Mato Grosso, o caso está sob a relatoria do desembargador Orlando de Almeida Perri. Por conta deste episódio, dois policiais militares estão presos preventivamente. São eles o coronel Zaqueu Barbosa, ex-comandante-geral da corporação, e o cabo Gerson Luiz Ferreira Corrêa Júnior. Outros militares foram presos no curso das investigações, mas respondem ao processo em liberdade.