O governador Pedro Taques afirmou, ontem à noite, em entrevista coletiva, que há "perseguições" ao seu governo e que não vai aceitá-las. A reação foi por conta da decisão do desembargador Orlando Perri de afastar do cargo o secretário de Segurança, Jarbas Rogers, acusado de obstrução na investigação do caso dos grampos telefônicos clandestinos que teriam sido feitos em telefones de políticos, ex-servidores e outras pessoas. "Não aceito perseguições aos meus secretários. Não aceito recados". "Alguns podem se indagar por que o senhor Orlando Perri está tomando estas decisões ? A partir do instante que o secretário de Justiça, coronel Siqueira, representou contra o senhor Perri, por grampo ilegal, através do advogado Paulo Taques, o senhor Orlando Perri perdeu a sua imparcialidade", afirmou. "Querem nos acusar de corruptos. Não conseguem porque não somos. Querem inviabilizar nossa administração. Todas as decisões de prisões neste famoso caso grampolândia partiram de representações do promotor Mauro Zaque (ex-secretário de Segurança) e do desembargador Perri em uma investigação que está sendo questionada pelo Ministério Público, a competência judicial do senhor Orlando Perri. Isso está sendo discutido", afirmou o governador.
"Fomos apanhados de supresa, entre aspas, com esta decisão do senhor Orlando Perri, que determina o afastamento do delegado Rogers, da secretaria. Por que estou a dizer supresa entre aspas ? Porque isso era propagandeado em várias vozes, rodas de conversas, inclusive pelo senhor Orlando Perri, que ele iria prender secretários de nosso governo. Inclusive, ele já propagou que irá prender dois secretários do nosso governo, isso em rodas, em festas em convescotes. Queria deixar isso expresso. A decisão é absurda do ponto de vista constitucional. Aliás, como toda essa pseudo investigação denonimada grampolândia. O coronel Zaqueu (Barbosa, ex-comandante da PM), o coronel Lesco e o coronel Barros estão presos em razão dessa investigação. Quero ressaltar que são pessoas sérias, decentes que estão a sofrer este tipo de retaliação, sem falar no ex-secretário (da Casa Civil) Paulo Taques, preso uma semana, em razão da determinação do juiz acusador chamado desembargador Perri. Pior do que criminoso, é o magistrado que se vale do seu poder e ofende o princípio da imparcialidade. O magistrado deve se colocar longe das paixões, longe das investigações porque senão se compromete psicologicamente com a causa, se compromete com a capacidade subjetiva. O magistrado não pode ser investigador, acusador", atacou.
"Decisão judicial se cumpre, mesmo as absurdas porque vivemos em estado democrático de direito. Já passou o tempo que o cidadão tinha medo de magistrados. Pessoas sérias devem respeitar a magistratura. Mas não devem ter temor, receio. A magistratura de Mato Grosso é séria, decente mas a decisão do senhor Orlando Perri merecerá os recursos judiciais apropriados, inclusive no Conselho Nacional de Justiça porque ele está se arvorando a delegado de polícia, está se arvorando a membro do Ministério Público violando sua imparcialidade. Todas as investigações que o senhor Orlando Perri tomou neste caso foram esdrúxulas, esquisitas, teratológicas e serão rebatidas no foro e local apropriado e todas (foram) com parecer contrário do Ministério Público".
O governador também questionou: "onde se encontra o inquérito que deixou uma semana preso o ex-secretário Paulo Taques ? já foi remetido para o Ministério Público que é titular constitucional da ação? Não !."
Ainda durante a entrevista ele expressou "total respeito ao profissional Rogers, que ocupa cargo de secretário de Segurança, respeito ao cidadão, pai de família, homem decente e expresso mais absoluto respeito e confiança no trabalho que ele desempenha no Estado" e concluiu informando que, "por lealdade e respeito ao poder judiciário, eu liguei para o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Rui Ramos e informei a ele que daria esta entrevista. Liguei para o procurador geral de Justiça, Mauro Curvo e o informei".
Em sua decisão, Orlando Perri aponta que Rogers Jarbas vem cometendo "inúmeros ilícitos penais, dentre eles: embaraçar investigação de infração penal envolvendo organização criminosa, abuso de autoridade, usurpação de função pública, denunciação caluniosa e prevaricação, dentre outros que poderão ser descortinados ao longo das investigações penais”. Ele determinou seu afastamento das funções de secretário, delegado, que use tornozeleira eletrônica e que não se ausente de Cuiabá. Jarbas foi ontem ao judiciário, acompanhado de delegados que manifestaram solidariedade, para cumprir a decisão judicial.
Outro lado
Só Notícias manteve contato, por telefone, com a assessoria do Tribunal de Justiça. Não foi informado se haverá manifestação do desembargador quanto as acusações.