O governador Pedro Taques (PSDB) disse ontem que a inclusão do seu nome na delação do empresário Alan Malouf, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) segundo a Folha de São Paulo, é uma tentativa de transferir o foro do julgamento para o STF. O tucano também negou que tenha pedido R$ 12 milhões ao ex-governador Silval Barbosa para a sua primeira campanha ao governo do Estado e desafiou o delator a apresentar provas.
Taques, que é ex-procurador da república, defendeu a delação premiada como instrumento jurídico, mas criticou a forma como vem sendo utilizada, sem apresentação de provas, segundo ele. “No Brasil, no momento em que o cidadão é pego em um crime, ele logo joga para um político e joga na delação para criar um foro por prerrogativa. Este é um caso”, defendeu-se durante entrevista a TV Mais, em Cuiabá. Taques é governador e tem foro privilegiado. As denúncias envolvendo o seu nome são julgadas pelo STF.
O tucano disse que não sabe se houve a homologação da delação e afirmou esperar que tenha sido, pois ele entende que é uma oportunidade de esclarecer todas as denúncias com provas. “Se tiver a homologação, e é bom que tenha, alguém vai ter que provar. Eu não vou ter que provar que não recebi dinheiro, alguém que vai ter que provar que me deu o dinheiro. Objetivamente é isso e eu estou absolutamente tranquilo”, enfatizou.
Na delação, Malouf teria dito que presenciou encontros de Taques com Silval, o que confere com a delação do ex-governador ao dizer que o tucano havia pedido R$ 12 milhões para investir na campanha de 2014. Taques admitiu os encontros, normais, segundo ele, pelo exercício dos mandatos, já que o tucano era senador, mas negou que tenha pedido dinheiro. Como argumento, ele usa o fato de as pesquisas eleitorais sempre colocá-lo na liderança com mais de 20 pontos, o que, na avaliação do atual governador, prova a falta de necessidade da ajuda oferecida, verbalmente, por Silval.
“O Silval me perguntou se eu precisava de alguma ajuda e eu neguei. O que eu disse a ele e pedi a ele: amigo, se você entender por bem, não apoia o Ludio [Cabral, adversário do PT em 2014] como deveria apoiar. Exatamente isso. Não houve, ao menos da minha parte, e eu não autorizei que alguém fizesse conversas sobre isso”, justificou.
Além de delatar o encontro com Silval, Malouf teria dito que ajudou na arrecadação de aproximadamente R$ 10 milhões para a campanha de Taques, com quem teria se reunido pessoalmente cerca de cem vezes.
Malouf foi preso em dezembro de 2016 quando foi deflagrada a terceira fase da Operação Rêmora, que investiga pagamento de propinas e fraudes na Secretaria de Estado de Educação (Seduc). Ele foi condenado a 11 anos de prisão, mas está em liberdade sendo monitorado por tornozeleira eletrônica.