“Temos que atentar para delações. É muito fácil, um cidadão comete crimes a vida toda, de repente vira santo e faz delação”, afirmou o governador Pedro Taques (PSDB). O tucano se referia ao depoimento do ex-deputado estadual José Geral Riva, no qual ele revelou a Justiça que mais de 30 deputados estaduais faziam parte do um esquema de mensalinho na Assembleia Legislativa, embora o ex-presidente da Assembleia não tenha firmado um acordo de colaboração premiada.
“Quero ressaltar a importância da delação como instrumento penal e criminal. No entanto, no Brasil a delação está virando instrumento de chantagem política. Algumas até de comércio”, afirmou Taques.
Três parlamentares que se articulam para concorrer a vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado (TCE) também teriam sido favorecidos com propina no período em que exerceram outros mandatos de deputado estadual. Tratam-se dos deputados Guilherme Maluf (PSDB), José Domingos Fraga (PSD) e Sebastião Rezende (PSC). Os deputados são da base governista na Casa de Leis. O tucano, porém, afirmou que não irá interferir na escolha, sendo eles citados ou não em esquemas.
“Eu não vou jantar antes de almoçar. Não posso desrespeitar a Assembleia Legislativa. Não sei nem se tem vaga no TCE agora. Dizem que tem conselheiro que vai se aposentar. Eu não sei se tem vaga. Quando tiver, a Assembleia indica e o governo assina o decreto ou não”, resumiu.
No depoimento prestado à juíza Selma Rosane Santos Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, na última sexta-feira, Riva manteve a “linha colaborativa” e revelou como 33 políticos, deputados estaduais entre os anos de 2003 e 2010, durante os governos de Blairo Maggi (PP) e Silval Barbosa (PMDB), receberam um “mensalinho” com dinheiro desviado dos cofres públicos.
O ex-presidente da Casa de Leis confirmou que R$ 2,5 milhões dos cofres da Assembleia Legislativa foram usados na compra de uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE), ocupada pelo conselheiro afastado Sérgio Ricardo. Entre os integrantes da “lista de Riva”, estão deputados estaduais que ainda exercem mandato e um integrante do staff do governador Pedro Taques.
O ex-deputado afirmou que o “mensalinho” era pago desde o governo de Dante de Oliveira, direcionado a parlamentares da base, de acordo com as votações de matérias do interesse do Executivo. A situação, conforme o ex-parlamentar, perdurou “até o último dia da gestão Silval”. Da atual gestão, Riva citou os deputados Mauro Savi (PSB), Pedro Satélite (PSD), Guilherme Maluf (PSDB), Gilmar Fabris (PSD), José Domingos Fraga (PSD), Wagner Ramos (PSD), Adalto de Freitas (SD) e Sebastião Rezende (PSC).
Todos negaram recebimento de vantagens indevidas.