O futuro senador, José Medeiros (PPS), que se prepara para assumir a vaga do governador eleito de Mato Grosso, Pedro Taques (PDT), no Senado, em janeiro, criticou as concessões de rodovias que vem sendo feitas pelos governos estadual e federal. Mesmo alegando ser um “mal” necessário, questionou a capacidade dos atuais gestores em administrar os recursos de impostos já existentes, alguns, justamente criados para serem aplicados nas malhas várias. “Tem sido assim a vida do brasileiro, pagar de duas a três vezes pelo produto que deveria lhe ser oferecido pelo Estado. Hoje temos que conviver com essa realidade que é a privatização das estradas, agora que é bonito, que é moral, não é”, disse ao Só Notícias, referindo-se aos pedágios.
O parlamentar ainda alfinetou o governo quanto aos impostos. “Um Estado que fosse minimamente sério não faria uma proposta dessa às pessoas que ali vivem [conceder rodovias]. Veja bem, temos o CIDE, imposto sobre o combustível, que é para, em tese, questão das estradas. Temos IPVA e no caso do Mato Grosso temos ainda o Fethab, tudo direcionado às estradas. Aí se faz a proposta: vamos fazer uma concessão de rodovia, vamos privatizá-la e quem precisar andar vai pagar. Tem sido a justificativa de ser um mal necessário. Pode ser, até porque quando a educação não funciona, apesar de em tese o estado ter obrigação de dar, se socorre e vai buscar em uma escola particular, na saúde a mesma coisa, se corre para um plano de saúde”.
Medeiros disse que tem andado pelo Estado e identificou que uma das principais problemáticas, a logística. “Temos concorrentes e quem tiver melhor posicionado vai vender melhor. Nossa principal base da economia acaba sendo prejudicada pelos nossos gargalos de logística, tributários, que precisam ser equacionados”, disse. “Para o escoamento, precisamos de estradas boas, e uma malha bem distribuída para que todos os cantos do Estado possam produzir e de forma competitiva”, acrescentou, ao revelar ser uma das bandeiras que vai leva ao Senado.
O governo do Estado dá andamento em pelo menos quatro licitações para concessões de rodovias. Em um deles, na semana passada habilitou uma empresa de São Paulo e um consórcio do Araguaia na primeira fase para concessão de 91 quilômetros da MT-100, partindo de Alto Araguaia, do entroncamento com a BR-364 a Alto Taquari, na divisa com Mato Grosso do Sul.
Em relação ao governo federal, pouco mais de 800 quilômetros da BR-163, entre Sinop a divisa de Mato Grosso do Sul também foram concedidos ano passado. A concessionária já assumiu metade, e faz trabalhos de recuperação e duplicação. A cobrança de pedágio em 9 praças começa no final do ano que vem, com custo de R$ 2,66 a cada 100 km.
Medeiros esteve esta semana, em Sinop, participando de seminário que debateu também o setor de logística.