O procurador-geral de Justiça Marcelo Ferra de Carvalho determinou, hoje, a instauração de procedimento investigatório sobre a suposta participação do ex-governador e senador eleito, Blairo Maggi (PR), no escandâlo dos maquinários. O trabalho será conduzido pelo coordenador do Núcleo de Ações de Competência Originárias (Naco), procurador de Justiça Hélio Fredolino Faust.
Segundo informações da assessoria de imprensa do Ministério Público Estadual, o procurador-geral de Justiça disse que informações encaminhadas à PGJ pela promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco, que está analisando o inquérito policial realizado pela Delegacia Fazendária sobre o assunto, não apontam a não participação do ex-governador. Todavia, para evitar conclusão prematura, foi determinada a realização de investigação mais aprofundada e criteriosa da conduta do ex-governador a fim de esclarecer o seu envolvimento ou não nos fatos.
“A vultosidade dos recursos envolvidos não permite ao Ministério Público se omitir em adotar todas as medidas necessárias visando a aclarar na plenitude os fatos ocorridos e, comprovando o envolvimento de quem quer que seja, adotar as medidas judiciais cabíveis”, ressaltou o procurador-geral de Justiça.
Segundo ele, no âmbito cível, o Ministério Público ainda não dispõe de elementos que comprovem a participação do ex-governador. “O documento encaminhado pelo Núcleo de Defesa do Patrimônio Público apresenta trechos de declarações alusivas ao à época governador Blairo Maggi, colhidas ao longo dos procedimentos ministeriais, que no entender dos promotores de Justiça, embora sejam insuficientes para comprovar a participação, merecem ser apuradas e investigadas”, afirmou.
Conforme Só Notícias já informou, o promotor de Defesa do Patrimônio Público do Ministério Público Estadual (MPE), Mauro Zaque, ingressou com duas ações civis públicas nas quais pede a condenação por improbidade administrativa e ressarcimento de danos ao erário contra Vilceu Marchetti e Geraldo De Vitto, ex-secretários de Estado de Infraestrutura e Administração, respectivamente. Os donos das empresas empresas que venderam os maquinários ao Estado também são citados na ação do promotor. Eles são acusados de serem os principais responsáveis pelo superfaturamento de R$ 44,4 milhões nas licitações do programa “Mato Grosso 100% Equipado”.
Além desta ação civil, Vilceu Marchetti é apontado pelo inquérito da Delegacia Fazendária como o grande mentor do grupo de 12 pessoas acusadas do superfaturamento dos maquinários. A participação de Vilceu foi apontada no relatório final do inquérito já encaminhado à promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco, que poderá denunciar ou não os envolvidos indiciados por fraude em licitação, corrupção passiva e formação de quadrilha, crimes que podem gerar penas de até 25 anos de cadeia e multa. Neste caso, de Vitto não foi indiciado por nenhum crime, apesar de ter sido investigado.
Outro lado:
Blairo divulgou, há instantes, através da assessoria, a seguinte nota: representado pelo advogado Sebastião Monteiro, responsável por sua defesa no caso MT 100% Equipado, vem a público para posicionar à sociedade mato-grossense e imprensa que continua à inteira disposição do Ministério Público do Estado de Mato Grosso para quaisquer esclarecimentos acerca do referido caso e que tem total interesse em contribuir com o procedimento investigatório a ser instaurado pela instituição, conforme decisão anunciada no início da noite desta quarta-feira, 22 de dezembro.
Blairo Maggi reitera o desejo máximo de que todos os fatos e denúncias envolvendo esse episódio lamentável à administração pública do Estado sejam o quanto antes elucidados para o fiel cumprimento da lei e o bem de todos os cidadãos mato-grossenses”.
(Atualizada às 19h59)