A Justiça Federal em Diamantino mandou ao Supremo Tribunal Federal informações da invesitgação da Polícia Federal da operação Terra Prometida – sobre venda de áreas da reforma agrária em Itanhangá (350 km de Cuiabá) para fazendeiros e empresários na região de Lucas do Rio Verde, Itanhangá, Sorriso e outras cidades. Não foi informado quais autoridades são investigadas. “Diante do surgimento de nome com prerrogativa de foro perante o Supremo Tribunal Federal os autos foram remetidos a essa corte, que os desmembrou e os devolveu a este juízo para analisar as representações em relação às pessoas sem a prerrogativa”, consta em um trecho da sentença do magistrado em Diamantino,Fábio Henrique de Moraes Fiorenza, que ordenou as 52 prisões, ontem. 33 pessoas foram presas.
Os irmãos Odacir e Milton Geller se apresentaram, ontem à noite, na Polícia Federal em Cuiabá. Eles estão entre os 52 que a justiça mandou prender na operação Terra Prometida. Odacir reside em Lucas do Rio Verde e, Milton (que foi prefeito de Tapurah), em Nova Mutum. Os advogados negam que ambos tenham envolvimento com o esquema de compra de terras repassadas para assentados da reforma agrária e que foram vendidas. Eles devem depor, hoje na Superintendência da Polícia Federal em Cuiabá. O advogado deles Edy Piccini, negou o envolvimento nas irregularidades e expôs que a empregada de Odair é a real exploradora da área. "Ela tem raízes no município e tem o terreno lá", declarou à Agência Estado, acrescentando que a as denúncias contra ambos tenha como objetivo "atingir o ministro".
Em nota, ontem, no início da noite, o Ministério da Agricultura informa que o ministro Neri Geller não foi arrolado na “Operação Terra Prometida” e "que estava em missão internacional nos Emirados Árabes e retornou ao Brasil " ontem à tarde. Ele lamenta a presença de familiares entre os investigados e diz não acreditar na participação dos mesmos em qualquer irregularidade" e "não tem "associação jurídica ou outro tipo de sociedade com os envolvidos no processo".
As transações ocorreram há mais de 4 anos. A Polícia Federal iniciou as investigações em 2010. Hoje, a justiça expediu 52 mandados de prisões para fazendeiros, empresários, vereadores, sindicalistas e servidores públicos do Incra.
A procuradora do Ministério Público Federal, Ludmilla Monteiro, disse que as investigações não apontaram indícios de que o Ministério da Agricultura teria colaborado de alguma forma com as fraudes. O superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso, Marco Farias, disse que o ministro Neri Geller não é investigado.
A investigação da PF aponta que cerca de 80 fazendeiros e empresários nas regiões Médio Norte e Norte estão envolvidos em compra ilegal de lotes da reforma agrária. São 80 famílias investigadas, que concentram 80 lotes, cada um avaliado em R$ 100 mil, onde era plantado milho, soja e demais culturas. Cada hectare era vendido por cerca de R$ 10 mil e a PF aponta que havia coação de grandes fazendeiros para que beneficiários da reforma agrária vendessem as áreas. Só uma família teria adquirido 55 áreas.
Os presos foram levados para uma ala na penitenciária central da capital. 9 pessoas presas em Sorriso e região foram recambiadas para Sinop, prestaram depoimentos e foram para o presídio Ferrugem.
A justiça mantou prender também o vice-prefeito de Itanhangá, Rui Schenkel, o vereador Silvestre Caminski, ex-vereador Donizete Casavechia, Bento Sangiovo, ex-presidente do Sindicato Rural de Itanhangá e alguns servidores do Incra.
(Atualizada às 11:13hs)