O vereador Gerson Francio (Jaburu), um dos investigados pelo Ministério Público, na denúncia feita pela prefeitura, de susposta cobrança de propina para apoiar o prefeito Chicão Bedin (PMDB), anunciou, esta noite, na sessão da câmara, que estará se afastando do cargo, por tempo indeterminado. Ele defendeu que o legislativo também apure as denúncias contra ele e cobrou que sejam investigados o prefeito Chicão Bedin, os secretários Santinho Salerno e Zilton Almeida. Os secretários são acusados de terem feitas gravações de conversas com vereadores onde haveria diálogos supostamente sobre propina para vereadores em troca de apoio político. Cinco parlamentares teriam sido intimadas para prestar esclarecimentos.
“Vou fazer minha parte. Vou cobra a posição de vocês, que seja feito com eles também (prefeito e secretários)”, disse, ao pedir investigações. “Não me licencio por ter medo. Não tô preocupado com notícias, mas com a câmara de vereadores pois estão tentando colocar no lixo o que está servindo de lixo do lado de lá”, atacou, referindo-se à prefeitura. “Investiguem. Busquem informações de todos os requerimentos. Porque, senão, eu volto. Se eu ficar, vou atacar demais”, completou, pedindo que o prefeito Chicão Bedin também se afaste do cargo.
Jaburu também atacou parte dos meios de comunicação, em seu discurso. Ao mostrar documentos onde pediu investigações ao Ministério Público de supostas irregularidades na prefeitura, disse que “a imprensa não vem noticiar agora. Na hora de vir filmar isto aqui (documentos) não vem”, criticou. Jaburu também mencionou que há vazamento de informações internas da câmara que são repassadas para prefeitura. “Tem línguas soltas dentro desta Casa de Leis que vai ter que cortar. Nós conseguimos fazer pelo celular o que fazem a pé”, afirmou.
O presidente Luis Fabio Marchioro (PDT) anunciou, na sessão, que o Ministério Público de Sorriso não encaminhou cópias da denúncia para que a câmara também tomem providências. “Soliticamos ao MP toda a documentação. Para a câmara foi negado. De repente, você percebe todas as informações em um jornal da capital. Isto nos deixa apreensivo com os rumos destas investigações. Gostaríamos que a câmara fosse comunicada, que é a mais interessada neste processo. Parece-me ter cunho de sensacionalismo. Mas não vamos tomar atitudes precipitadas”, declarou.
O vereador Paulo Farmácia, da bancada de situação, discordou do posicionamento de Jaburu e disse que o prefeito Chicão Bedin não tem que se licenciar. “Ele é o denunciante. Se tem algo errado vai ser apontado. O Ministério Público e o judiciário que são imparciais. Quem estiver errado deve ser punido”, disse.
O vereador Hilton Polesello defendeu que seja criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as denúncias. “Se houve necessidade para abrir CPI para investigar, vereadores, secretários e até mesmo o prefeito, me coloco a disposição para ser presidente, relator ou membro. Estamos, há dois meses, sem efetividade no poder executivo. CPI não faz mal para ninguém”, declarou. Ele anunciou que, em abril, estaria se licenciando para que suplente da coligação assumisse. “Mas me sinto constrangido em me licenciar e deixar esta batata quente para o suplente”, declarou.