Os vereadores de oposição sugeriram, esta noite, durante a sessão ordinária da câmara que o prefeito Juarez Costa (PMDB) se afaste do cargo enquanto ocorrem as investigações da operação Ararath, onde Juarez foi acusado pelo empresário Júnior Mendonça, que fez acordo por delação premiada, de ter "comprado uma sentença", por R$ 500 mil para não ser cassado, em seu primeiro mandato em 2009, por corrupção eleitoral. O vereador Wollgran Araújo Lima (DEM), usou a tribuna para sugerir o afastamento do prefeito. "Tratando-se de um gestor público usei a tribuna e sugeri esse afastamento, enquanto está ocorrendo o desenrolar dessas investigações, deixar tramitar esse processo, que a Justiça julgue para sabermos quem na realidade está com a razão. A oposição se posicionou de forma democrática. Tivemos um posicionamento por meio do líder do prefeito um posicionamento até coerente que disse que o prefeito vem fazer o uso da tribuna e fazer explicações relevante a essas denúncias que estão circulando na mídia", disse.
O vereador Claudio Santos (DEM) apontou que, se Juarez se afastar, demonstaria "humildade e, ao mesmo tempo, imostraria para a sociedade que ele está muito tranquilo, esperando o resultado final das investigações, para provar o contrário e até mover uma ação contra quem o difamou. Não estou acusando, mas existe uma informação e existe uma dúvida no ar e isso precisa ficar transparente para a sociedade, pois estamos falando da prefeitura e do chefe maior", disse, ao Só Notícias, o vereador Cláudio Santos (DEM).
Cláudio também mencionou que os vereadores não podem pedir o afastamento do prefeito, mas sugeriram que ele o fizesse.
Já Fernando Assunção (PSDB) disse que vai juntar as documentações e levar ao conhecimento do Ministério Público Estadual para que sejam tomadas a medidas necessárias. "Nosso trabalho aqui é ter a responsabilidade com a história política de Sinop e dar uma resposta a população. Vamos estar juntando as documentações relacionadas, parte do inquérito policial, fruto dessa investigação e levar ao Ministério Público Estadual para estar tomando medidas que forem necessárias para resguardar o vigor da lei e também dar a resposta que a população sinopense quer".
O líder do prefeito Mauro Garcia (PMDB) disse que Juarez já se prontificou a ir à câmara dar esclarecimentos sobre esse e demais assuntos. "Ele confirmou que virá. Nós vamos ver a agenda dele para que ele possa vir a tribuna prestar esclarecimentos". Desde que o caso 'explodiu', Juarez não se pronunciou. Apenas seu advogado alegou que não teve acesso ao processo mas negou a compra de sentença.
Além de Mauro, outros vereadores da bancada de situação fizeram discursos defendendo o prefeito, das acusações feitas na Operaração Ararath que, nesta etapa, culminou com a prisão do deputado José Riva e o ex-secretário de Fazenda Eder Moraes.
Conforme Só Notícias já informou, o empresário Junior Mendonça confessou fazer e operar, em nome de sua empresa, empréstimos fradulentos, pagos com dinheiro público, cujo dinheiro era repassado para vários políticos e usados em pagamentos de diversas despesas, de convenções de publicidades em vários meios de comunicação, dentre outros. Junior Mendonça depôs no dia 25 de fevereiro fez acusações contra Blairo Maggi, Silval Barbosa, Eder Moares, José Riva, vários deputados e prefeitos. Ele garantiu, ao depor para a Polícia Federal e Ministério Público Federal, ter emprestado R$ 500 mil para o ex-membro do TRE, Eduardo Jacob, que teria pedido o empréstimo a mando do governador Silval Barbosa para comprar sentença, do ex-presidente do TRE, Evandro Stabile, não cassar o prefeito de Sinop, Juarez Costa, que chegou a ter diploma eleitoral cassado, pela justiça sinopense, por corrupção eleitoral, no primeiro mandato (2009). O dinheiro teria sido entregue ao então presidente, desembargador Evandro Stábile. Segundo o empresário Junior Mendonça, a decisão de pagar para que Juarez permanecesse no cargo partiu do próprio governador Silval Barbosa (PMDB), que é principal aliado na região Norte. Ainda na versão de Junior, o então juiz Eduardo Jacob teria lhe dito que Juarez estava temeroso em trazer o dinheiro de Sinop para Cuiabá. Junior diz que, então, sacou o dinheiro -em espécie- "e entregou nas mãos de Eduardo Jacob", na casa do ex-membro do TRE, recebendo um cheque datado para 60 dias com juros de 3%. No depoimento consta também que "o cheque emitido por Juarez foi resgatado, por Jacob, dias depois, com o pagamento em espécie". Junior Mendonça é apontado pela justiça federal como principal operador, juntamente com Eder Moraes, de empréstimos fraudulentos que foram repassados para vários políticos e que foram "pagos com recursos públicos".
O desembargador Evandro Stábile afirmou que a acusação que teria vendido sentença por R$ 500 mil para não cassar o prefeito de Sinop "é uma grande bobagem. Fiquei sabendo que meu nome havia sido citado e até li um documento sobre. Mas não tenho muito conhecimento de toda a investigação [Ararath]. E isso não existe e nunca recebi nada para conceder decisão nenhuma”.
O caso da suposta venda de sentença é apurado em outra operação da Polícia Federal, a Asafe, que resultou no afastamento de Stabile da presidência do TRE como também do pleno do Tribunal de Justiça do Estado, em 2010, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), na investigação da prática de exploração de prestígio, corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha para compra e venda de sentenças. Stábile é investigado no inquérito judicial aberto pela ministra Nancy Andrighi, do STJ, e que até então não foi concluído
