O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, se mostrou otimista e disse, hoje, em entrevista coletiva, em encontro em Sinop, que acredita em uma reconsideração do Supremo Tribunal Federal na ação que travou o andamento do projeto da Ferrogrão (ferrovia que ligará Sinop a Miritituba). Os processos para implantação do empreendimento estão paralisados, desde março, por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, que acatou pedido feito pelo Partido Solidariedade e Liberdade (Psol).
“Eu entendo que nós temos primeiro o bom direito ao nosso lado, levamos para o Tribunal argumentos que são consistentes, e acredito numa reconsideração do ministro relator. Confio que isso vai cair e vamos poder prosseguir”. “Ela (ação) caindo a gente consegue terminar o nosso desenvolvimento do projeto, arredondar a porta com os investidores, fazer o leilão e ter um sucesso”, disse.
À época, ao deferir a liminar, o ministro entendeu que a exclusão de 862 hectares do Parque Nacional do Jamanxim, no Pará, para passagem da ferrovia, não poderia ter sido concretizada por meio de Medida Provisória (MP) e demandaria a promulgação de “lei em sentido formal”.
Na visão de Tarcísio, com a ação caindo, será possível fazer o leilão da Ferrogrão já em 2022. “O processo de análise no Tribunal de Contas da União está extremamente avançado, o processo de licenciamento caminha também muito bem, e superando essa barreira temos condição de fazer o leilão muito bem no próximo ano”, projetou Tarcísio.
A Ferrogrão será importante corredor para escoamento da produção agrícola, e terá 933 quilômetros de extensão.Segundo o ministério, nasce com “Selo Verde” por conta da sua preocupação ambiental. Numa segunda etapa ligará mais 150 quilômetros até Lucas do Rio Verde. Multinacionais do agronegócio vão investir juntamente com o BNDES, na ferrovia, cerca de R$ 12,7 bilhões.
“A opção à Ferrogrão, é a duplicação da BR-163. Se a gente não fizer, e nós vamos fazer, amanhã ou daqui a pouco tempo, estaríamos discutindo duplicação da BR-163, isso é inescapável. Vão estar todos pedindo duplicação da BR, e é muito pior, em todos os aspectos, sob ponto do aspecto da eficiência energética, do custo, ambiental. A ferrovia é possível, então vamos trabalhar para transformar ela em realidade”, emendou.
Tarcísio ainda descartou, por exemplo, que os trilhos da ferrovia interceptem área indígena, que é um dos argumentos mais apontados pelos grupos contrários à Ferrogrão. “Não tem área indígena, como mostrei não tem interceptação de área indígena, é zero, a gente vai ate Miritituba sem interceptar nenhuma. Temos duas áreas, uma a quatro e outra sete quilômetros, do outro lado do rio Tapajós, mas que serão estudadas e não há interceptação”, garantiu.
Sobre a pressão de ambientalistas, o ministro considerou comum, e afirmou que a sustentabilidade está sendo buscada no projeto, . “Acontece muito a pauta ambiental ser usada as vezes para impedir empreendimentos importantes, agora a gente tem que dar tranquilidade para o investidor, para o brasileiro, para o mundo, que isso também nos preocupa, é pauta nossa. A provisão da infraestrutura é conciliável com a temática da sustentabilidade, nós podemos ter infraestrutura sustentável, não são assuntos diversos, que não se misturam, muito pelo contrário”, enfatizou.
Durante o encontro, o governador Mauro Mendes (DEM) também criticou às frentes que vêm lutando contra a Ferrovia, e disse que a maioria é formada por grupos internacionais, dos Estados Unidos, Rússia e outros países, que não conhecem Mato Grosso. “Vocês viram falar que algum mato-grossense é contra a ferrovia?”, questionou o gestor. Em outro ponto, Mendes também destacou que buscará debater e mostrar a realidade do empreendimento ao ministro do STF Alexandre de Moraes.
Ele ainda lembrou a importância da logística para o Estado. “Mato grosso faz o maior volume de investimentos na área da infraestrutura”. “Terminamos de asfaltar 845 quilômetros. Em uma semana daremos ordem de serviço para MT-140. Será possível sair de Sorriso e ir à várzea grande sem passar pela 163”, ponderou.
Já o prefeito Roberto Dorner, apontou que toda a região está ansiosa para a Ferrogrão, e entregou a Tarcísio um martelo, ilustrando o futuro leilão da ferrovia. “Para nós é uma satisfação muito grande o ministro estar aqui hoje, junto com nossos amigos de toda a região, queremos dar os parabéns para nosso presidente, que tem apoiado todo o agronegócio, e aí ministro muito obrigado vossa excelência ter vindo aqui conosco, trabalhar e dar esperança para nosso povo, para que nossa ferrovia seja concluída. Que Deus proteja o senhor e tenha muita saúde para que comece e termine essa rodovia”, declarou.
Deputados e lideranças de entidades também discursaram sobre a importância da ferrovia. O encontro mobilizou dezenas de prefeitos do Nortão, Médio Norte e Sul do Pará.