A câmara municipal ainda não teve acesso à investigação da Polícia Federal (PF) que culminou na prisão do vereador Toninho Bernardes (PL), esta manhã. O parlamentar teve a prisão decretada pela Justiça Federal, acusado de envolvimento em um esquema de contrabando de agrotóxicos ilegalmente importados do Paraguai e China.
Segundo o corregedor, vereador professor Mário Sugizaki (Podemos), a câmara precisa ter acesso à investigação para decidir se abre uma comissão processual. “É algo muito recente, ninguém sabia. É um processo que, pelo que eu ouvi, corre em segredo de Justiça. Então, não temos nenhuma informação. Para que a Corregedoria tome alguma providência precisa ter uma denúncia, precisa ter provas, para que seja montada uma comissão processual. A partir daí é que será analisado”, afirmou Mário, ao Só Notícias.
De acordo com o corregedor, a câmara ainda não conseguiu contato com a defesa de Toninho ou mesmo com a família dele, o que dificulta uma tomada de decisão neste primeiro momento. “Uma coisa é um processo judicial que está em trânsito, ainda não tem decisão. Se chegar a denúncia, vamos montar uma comissão para que isso possa ser analisado e, depois, a tramitação normal. Como é recente, e nem o presidente conseguiu falar com a família, não temos nenhuma informação. Neste momento, não temos nenhuma definição”.
O parlamentar também explicou que, mesmo com a prisão de Toninho, não haverá alterações, inicialmente, no quadro de vereadores da câmara de Sinop. “Todo vereador tem direito a quatro faltas consecutivas. Não sabemos se ele vai pedir afastamento ou o que vai ser feito. Como é um processo que não dá nem para dizer alguma coisa, pois não sabemos qual vai ser a posição do vereador, temos que seguir o que é regimental, que, no caso, é aguardar”.
Conforme Só Notícias já informou, o delegado Rodrigo Martins, que comanda investigações, detalhou que o vereador seria o responsável por receber e fazer comercialização dos agrotóxicos. “Ele seria o distribuidor local. Recebia os produtos contrabandeados e fazia a comercialização. Agora, ele (Toninho) será encaminhado para uma cela própria por ter essa questão de ser vereador”, expôs. As ordens foram expedidas pela justiça federal e, inicialmente, são de 5 dias. “Por quanto tempo essa prisão será prorrogada vai ser definido na justiça”.
Rodrigo Martins disse ainda que os demais presos são “empresários locais com boas condições financeiras, mas não são envolvidos na política. Possuem negócios para disfarçar o crime de contrabando”. A PF não informou os nomes dos demais presos. Foram 10 ordens de prisões e um investigado estaria foragido.
O delegado explicou ainda que no grupo existe distribuição de atividades. “Tem a pessoa que faz a importação direto da fronteira, transportadores e o envolvimento do vereador seria de armazenamento e distribuição”.
Os agentes também apreenderam caminhonetes, agrotóxicos, dinheiro e armas durante o cumprimento dos mandados expedidos pela justiça federal. “Existe uma casa em Sinop que foi encontrado o dinheiro, mas ainda estamos fazendo a contabilização para saber o valor. Já no imóvel do vereador foi apreendido celular dele e documentos”.
As buscas foram em Sinop, Sorriso, Feliz Natal (130 km de Sinop), São Paulo, Campo Grande (MS) e Terra Roxa (PR) em residências e empresas. Em Sinop, policiais estiveram no gabinete do vereador Toninho e em sua residência, onde ele foi localizado. Em Sorriso, foi em ao menos uma casa.
Esta tarde, a defesa do vereador afirmou que ainda não teve acesso a eventuais autos de processos em trâmite na 5ª Vara Federal de Mato Grosso. Esclareceu que “várias pessoas foram conduzidas até à delegacia da Polícia Federal em Sinop, em razão de mandado de prisão temporária e, ao que parece, os mandados de prisão temporária têm o objetivo de ouvir todos os suspeitos”.
A assessoria da câmara afirmou que “reitera que o intuito da operação não é relacionado às atividades exercidas por Toninho Bernardes enquanto vereador no exercício de suas funções legislativas”.