Os vereadores Fernando Brandão (SD) e Ademir Bortoli (PMDB) foram escolhidos, esta manhã, presidente e relator, respectivamente, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar os contratos de locação de imóveis na gestão do prefeito Juarez Costa (PMDB). Os dois são aliados do prefeito Juarez Costa e, no caso de Bortoli (foto), vai investigar alguns contratos que ele mesmo assinou como testemunha, na época que era secretário de Governo da prefeitura. Fernando Assunção (PSDB) que havia anunciado sua saída, na semana passada, recuou da decisão e colocou seu nome para presidente. Ele foi derrotado por 3 votos a 1, na votação entre os 5 vereadores indicados para a comissão. Para relator, Nevaldir Graf, o “Ticha” (PMDB) também concorreu. Com a definição, Ticha e Assunção permanecerão como membros.
O autor da denúncia que originou a CPI, vereador Wollgran Araújo (DEM), participou da reunião como ouvinte. Ao Só Notícias, ele criticou a postura do departamento jurídico da câmara, que, segundo ele, não teria dado um parecer sobre a permanência de Ademir e Ticha, ambos ex-secretários na gestão atual. “Não estou desmerecendo o trabalho de nenhum vereador. Mas fiquei indignado porque o departamento jurídico deixou para a própria comissão decidir (se os parlamentares poderiam participar). Vou acompanhar todas as reuniões da CPI como ouvinte e, se achar conveniente, escreverei um relatório paralelo”, afirmou.
A primeira reunião da comissão está marcada para o dia 4 de janeiro. O vereador Cláudio Santos (DEM) oficializou, hoje, sua saída da CPI, justificando que a presença dos ex-secretários vereadores poderia ser mal interpretada, vez que ambos assinaram contratos de locação que serão investigados.
Conforme Só Notícias já informou, na última segunda-feira (7), um grupo de moradores levou cartazes ironizando que a CPI dos Alugueis provavelmente terminará em “pizza” (expressão utilizada quando algo, principalmente no campo político, permanece da forma como está). Cerca de 15 pessoas participaram do manifesto, que ocorreu durante fala de Mauro Garcia.
A CPI foi instaurada há duas semanas, durante sessão ordinária. O requerimento para criar a CPI teve oito assinaturas – Wollgran Araújo, Assunção, Cláudio, Hedvaldo Costa (PSB), Roger Schallenberger (PR), Dalton Martini (PP) Carlão (PSD) e Ticola (PMDB). De última hora, Ticola acabou retirando a assinatura. Nos bastidores, fala-se que seria por pressão do prefeito Juarez Costa.
A comissão terá 60 dias para concluir as investigações, podendo ser prorrogados por mais 30. Os autores do requerimento expuseram que a prefeitura gasta "cerca de R$ 427 mil por mês com prédios alugados e que alguns imóveis possuem indícios de superfaturamento, comparados com metros quadrados similares".
Um dos casos que a CPI vai apurar é de um imóvel que abriga, conforme o contrato, a Farmácia Regional 4, o posto de coleta do Laboratório Municipal e a unidade Programa de Saúde da Família (PSF) na rua João Pedro Moreira de Carvalho, bairro Menino Jesus. O imóvel, mesmo fechado, custou R$ 22 mil mensais. Ficou sem ser usado por mais de 7 meses e foi inaugurado somente hoje. O contrato foi assinado em março passado, com vigência de 12 meses, e, no total, a gestão do prefeito Juarez Costa teria pago ao locatário R$ 176 mil. Também deve ser apurado se o valor de mercado está dentro de realidade.